Como já contei no post anterior, em 2011 tornei o sonho de morar fora, e em Londres, realidade! E hoje vou contar sobre as minhas primeiras impressões da cidade, capital da Inglaterra e da Grã-Bretanha.
Fui de mala e cuia para Londres no dia 31 de dezembro de 2010. Embarquei com um misto de sentimentos, que envolvia, além da prévia saudade da família e de tantas outras pessoas queridas, ansiedade, emoção, empolgação e adrenalina por estar indo rumo ao desconhecido e totalmente sozinha! Ninguém estava indo comigo, não conhecia ninguém na cidade, nunca tinha ido à Europa e nunca tinha morado fora!
Meu voo foi para Portugal, pela TAP (à qual não tenho crítica alguma. Um voo comum, num avião comum, serviço de bordo comum. Mesmo porque fui de classe econômica, e não poderia esperar nada de mais!). Mas, por sorte, não tinha ninguém nas duas poltronas ao meu lado, então, me senti na minha cama!
Era noite de réveillon, mas como eu estava no meio do Atlântico, não sei dizer aonde e nem em qual fuso horário comemorei a virada de 2010 para 2011. Aliás, nem posso dizer que comemorei, pois eu estava apagada, assim como todos os demais passageiros. Foi só de manhã, quando o piloto disse que dentro de alguns minutos pousaríamos em Lisboa, que vi que já era 2011. Acordei e fiquei observando a bela capital pela janelinha do avião. Lá de cima deu para ver direitinho o Monumento aos Descobridores e a Torre de Belém. Pena que só vi mesmo do alto! Bom motivo para voltar ao Velho Mundo.
Minha conexão foi bem rápida e logo peguei meu próximo voo, destino: Londres! Um friozinho na barriga e, às 11h30, lá estava eu, aterrissando em Heathrow, o terceiro aeroporto mais movimentado do mundo. Ele é enorme, com cinco terminais, e, quando desembarcamos, não temos a menor noção do tamanho total do aeroporto, pois todos os terminais ficam bem distantes uns dos outros. É como se fossem cinco aeroportos de Confins em um só. Porém, é extremamente bem sinalizado, não tem como se perder (grande medo de quem tem fobia de aeroporto).
Integrando meu pacote, havia o transfer aeroporto/casa, que me pegaria no desembarque e me levaria até minha casa, localizada na zona 2 de Londres (a cidade é dividida em zonas, sendo que a zona 1, a ‘garrafinha deitada’, é o centro, onde estão as principais atrações turísticas. Ao redor, vem a zona 2, e assim por diante, como mostra o mapa abaixo).
Encontrei o responsável pelo transfer e entrei na van, que transportava mais um brasileiro, o qual passaria um mês na cidade. Fomos conversando e observando a paisagem da janela. Estrada perfeita, sem buracos, e algumas árvores no caminho. E andava, andava, andava. As poucas palavras que o motorista dizia, eu o pedia para repeti-las, pois nunca tinha tido contato com o inglês britânico, que é bem diferente do americano, devido à pronúncia e à entonação. Um som nasalado, super estranho, mas lindo!
Quando fomos chegando próximo à cidade, comecei a ver os prédios de tijolinhos laranja, todos iguais, e logo comecei a me perguntar como que as pessoas se localizam por lá. Pior: como eu iria me localizar por lá. Mas logo afastei o pensamento e continuei observando os outdoors iluminados pela autoestrada, que, de repente, se tornou uma rua movimentada com uma imponente construção à esquerda, que me chamou atenção. Perguntei o que era: o Natural History Museum. Uau! Ma-ra-vi-lho-so. Claro que eu voltaria ali, isto é, se soubesse como chegar. Não sei por que, mas estava com um medo de não conseguir me locomover por lá e ficar perdida. Mas depois vi que era apenas uma insegurança inicial.
Perguntei ao motorista quem seria deixado em casa primeiro e ele disse que seria o rapaz brasileiro, que se hospedaria em Piccadilly. Como já conhecia o local do ‘vuco-vuco’ de Londres por completo, via Google Street View e ‘zilhares’ de pesquisas na net, sabia que era próximo ao Big Ben, mas logo o motorista me disse que não passaríamos por lá. Ficou para a próxima… mas andamos bem por algumas ruas do centro.
Era sábado, 1º de janeiro, ou seja, pleno inverno londrino (apesar de que eu ainda não tinha tido tempo de sentir o clima, pois fui do saguão do aeroporto para o carro). O céu já estava bem escuro, como se fossem 17h30, no Brasil. Mas ainda eram 12h30. Várias lojas estavam abertas, mesmo sendo feriado. Muita gente caminhando e luzes de Natal presas no alto dos prédios, cruzando as ruas. Logo, saímos do centro e fomos passando por ruazinhas, todas idênticas, e com mercadinhos por todo lado. Uns 40 minutos depois, sem trânsito, chegamos! Fiquei bem impressionada de imaginar o tamanho da cidade, pois, se do centro à zona 2, que são bem próximos, gastamos todo esse tempo, imagina quem mora na zona 6?
O bairro que morei chama-se Hackney, região leste de Londres. É um bairro bem simples, de pessoas bem simples. Você certamente já ouviu falar nele, pois foi lá que houve a maioria dos confrontos entre jovens e policias, ocorridos em agosto de 2011 (um mês após meu retorno), em que vândalos saquearam e quebraram lojas, incendiaram ônibus e fizeram um caos total em bairros da região leste e até mesmo em cidades vizinhas. Apesar disso, enquanto eu estive lá, não vi um problema sequer. Muito pelo contrário. As ruas eram bem tranquilas!
Bom, cheguei à minha casa e, ao descer do carro, tive o primeiro contato com o friiiio. Nossa, de doer os ossos! Mas nem ouso reclamar, porque confesso: eu amava todo aquele gelo, com sensação térmica de -6°C. Todos os moradores ainda estavam acordando (por causa da noite de réveillon que, pelo visto, foi muito boa. A cozinha estava uma bagunça sem fim!). Então, ia conhecendo-os aos poucos. A maioria era brasileiro, pois a agência de viagem é daqui. Mas havia pessoas da Lituânia e da Colômbia.
Fiquei na sala, com minhas malas e conversando com alguns deles, até que meu quarto fosse liberado. Nesse meio tempo fui recebida por uma pessoa da Casa Londres, agência que administra casas para estudantes, e fui até um mercadinho próximo à minha casa para fazer as primeiras compras emergenciais. Ainda eram 15h30, mas o céu já estava escuro, como noite. Tal mercadinho, por nós denominado ‘turco’, por pertencer a uma família turca (tem aos montes por lá), vende de tudo! Desde sorvete a água sanitária! Um quebra-galho incrível! Na calçada, ao lado de fora da loja, ficam frutas, verduras e legumes. E o mais engraçado: a loja não tem porta! O turco mesmo dizia: “Can you see? I don’t have door!”, ao nos informar que fica aberto por 24h!
Voltei para casa e me organizei em meu novo canto. Tinha uma colega de quarto, que me ajudou demais nos primeiros dias, me informando que, para ir ao centro ou à escola, eu pegaria o ônibus 38; a estação de metrô (lá, mais conhecido como Underground ou Tube) mais próxima era a de Bethnal Green. Me contou que, para descobrir como chegar a qualquer lugar em Londres, seja de ônibus, tube, Overground, Underground, barco ou bicicleta, era só acessar o site do Transport for London. Os supermercados Tesco e Sainsbury’s eram os mais próximos e vendiam bons produtos de marca própria e com ótimo preço; o Iceland era ótimo para comprar pratos congelados. A geladeira e os armários da cozinha eram repartidos pelos moradores; e várias outras dicas da cidade e regras da casa. Ela trabalhava o dia todo, então, mal nos víamos! Mas dei uma sorte grande de tê-la como colega de quarto!
No dia seguinte, fui ao Tesco fazer uma compra maior, dei uma volta pelo centro de Hackney, fiz o meu Oyster (cartão que dá acesso a ônibus e metrô, o qual pode ser carregado de acordo com sua necessidade) e, em casa, fiquei organizando meu armário. Ainda estava me sentindo a estranha no ninho…
Bom, por enquanto, é isso! As segundas impressões virão no próximo post! Aguardem…
Experiência fantástica e enriquecedora!
Verdade, Zaine!!
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