Um imenso paredão que divide a planície pantaneira e o planalto central. Assim é a Chapada dos Guimarães, que pode ser avistada da capital mato-grossense. Já na estrada, ficamos encantados com o enorme “degrau” de arenito vermelho, que toma conta do visual. Localizada no coração da América do Sul, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães guarda verdadeiras preciosidades como os 46 sítios arqueológicos, onde foram encontrados ossos de dinossauros, fósseis de animais e pinturas rupestres. Justamente para preservar toda essa riqueza, evitar queimadas e o turismo predatório é que o parque foi criado, em 1989.
No trajeto que liga Cuiabá à cidade de Chapada, assistimos de camarote revoadas de rolinhas e perdizes, isso quando não somos interrompidos pelas emas, que cismam em atravessar a estrada. Ao invés de pararmos para outros carros, paramos para esse bichos, que atravessam bem tranquilos a rodovia! Demais! Na foto abaixo, um espetáculo que não pode deixar de ser admirado: quando a tarde vai chegando e sol já está quase se pondo, o paredão ganha um tom avermelhado de tirar o fôlego.
Igualmente distante dos Oceanos Pacífico e Atlântico, a 1.600 quilômetros de cada um, a Chapada dos Guimarães possui histórias mirabolantes contadas pelos moradores da região, como os índios que lá viveram e até mesmo as estrelas, protagonistas dos ‘causos’ dos discos voadores que circulam pelo céu mato-grossense.
Com uma área de 33.000 hectares e a 860 metros acima do nível do mar, o parque abrange desde o Rio Mutuca até o Morro São Jerônimo, ponto mais alto da Chapada dos Guimarães. Com tanta grandiosidade, não poderia ser diferente: o lugar possui diversas atrações, começando pelos cânions que se formam por toda a Chapada e atraem os amantes da natureza, que ficam parados e vislumbrados com os efeitos erosivos ocorridos há milhões de anos.
Atrações
Chegou a hora de começarmos a explorar cada pedaço deste santuário! Logo na subida da Chapada, nos deparamos com a Salgadeira, um antigo caminho percorrido pelos tropeiros e que abriga um terminal turístico, com área de camping, restaurantes e a cachoeira Salgadeira.
Mais adiante, chegamos ao Portão do Inferno, um mirante de onde temos uma vista maravilhosa, podendo avistar a Cidade de Pedras, outro local que, apesar de ter um acesso mais difícil, vale a pena visitar, devido às formações rochosas esculpidas pelo vento e pela chuva, fazendo lembrar as ruínas de uma cidade. As cachoeiras são outras atrações que estão espalhadas por toda a parte. A mais bela delas é a do Véu da Noiva, com 86 metros de altura. Tanta beleza é alvo de fotógrafos, cinegrafistas e turistas que caminham pela beira do paredão até chegar ao topo da cachoeira. Os mais animados descem até o lago onde termina a queda e ainda se aventuram em um mergulho nas águas geladas (não é meu forte… meu negócio é água quente. Mas, que às vezes é bom para renovar as energias, ah, isso é!!).
É no Véu da Noiva que começa o famoso Caminho das Águas, um percurso de sete cachoeiras originárias do rio Sete de Setembro. As da Independência, do Pulo e Salto das Andorinhas são as mais bonitas delas.
Entre os sítios arqueológicos, a Casa de Pedras é o mais famoso e o acesso é fácil, pois podemos chegar bem perto com o carro. É uma espécie de caverna; uma abertura na rocha de arenito, formando um janelão. Esculpida pelo rio Sete de Setembro, é ótima opção como local de descanso para ecoturistas. Apesar de não ter ido até lá, vale a pena visitar também a Lagoa Azul e a Caverna dos Franceses. Porém, para ir até esses locais, é necessária autorização do Ibama, pois são fechados à visitação.
Um outro passeio feito por muitas pessoas que vão até a Chapada é a visita ao Morro São Jerônimo, que é um marco na paisagem da região. Para chagar até sua base, uma boa opção é ir de carro, passando por formações rochosas. De lá, deve-se seguir por uma trilha, de quase uma hora, até o topo. Dizem que trata-se da vista mais exuberantes da chapada, podendo avistar todo o tabuleiro montanhoso e a capital Cuiabá.
A cidade(zinha)
Poucas pessoas sabem, mas, no topo da montanha está o município Chapada dos Guimarães. Com apenas 17 mil habitantes, o aconchegante lugarejo atrai dezenas de visitantes de final de semana, vindos, principalmente, de Cuiabá. Muitos estrangeiros já passaram por lá, se apaixonaram pelo clima da cidade e por lá ficaram. Na pacata Chapada dos Guimarães convivem em harmonia gente da terra, místicos e todo tipo de aventureiros, de trekkers a balonistas, que têm aparecido com freqüência nos céus da Chapada.
Uma importante relíquia da cidade é a charmosa igrejinha de Senhora Santana do Santíssimo Sacramento, que fica localizada na Praça Dom Wunibaldo. Nos bancos desta mesma pracinha é comum vermos os moradores “proseando” e esperando o sono chegar. Uma boa pedida para o dia é visitar as lojinhas de artesanato local e indígena e comprar souvenirs, como cestaria, cerâmica, panelas de barro, pilão, instrumentos musicais produzidos pelos habitantes, pássaros e objetos de madeira, doces e licores caseiros.
Para matar a fome e repor a energia, uma farta e variada opção de restaurante pode ser encontrada pela Chapada. Eles não são muito sofisticados, mas o sabor caseiro é sempre bem vindo. Pratos como o pintado na chapa, galinha com arroz em panela de ferro, costelinha de porco e a peixada são algumas das opções. Em todos os restaurantes é comum encontrar também o ‘churrasquinho’, um prato saboroso, com arroz, feijão, mandioca, farofa, vinagrete e carne. Outro lugar bom para almoçar e, ao mesmo tempo, apreciar a vista maravilhosa é o restaurante Morro dos Ventos, localizado no Mirante dos Ventos, uma plataforma natural projetada em cima de um dos paredões da Chapada. De tirar o fôlego! Uma viagem pouco divulgada, mas que vale a pena demais!
Como chegar
Para visitar a Chapada dos Guimarães, é preciso ir para Cuiabá, capital do Mato Grosso. De lá, você pode pegar um ônibus ou alugar um carro e ir pela MT 305. São apenas 64 km de distância pela rodovia, que tem bom estado de conservação.