Se tem um lugar que eu sempre quis conhecer, esse lugar é o Canadá! Isso porque sempre ouvia falar da organização, educação das pessoas, qualidade de vida como sendo uma das melhores do mundo. Então, planejando uma visita aos Estados Unidos, onde minha primeira parada seria New York, pensei: essa é a hora de realizar o sonho e conhecer esse maravilhoso país. Então, como incluiria o Canadá na viagem, ainda no Brasil entrei com o pedido de visto (que é bem simples e você pode fazer sozinho – em breve farei um post contando sobre esse processo), montei meu roteiro, comprei as passagens e reservei os hotéis. Programei começar minha viagem pelo Canadá por Toronto, que fica a apenas 1h30 de voo de NY.
Bom, agosto chegou, fui para NY e, de lá, voei para Toronto, em um voo operado pela Air Canada, que, diga-se de passagem, é uma excelente companhia. O voo foi super tranquilo e, rapidamente, aterrissava em solo canadense.

Imigração ok, fui procurar onde pegaria o ônibus que me levaria até a estação de metrô Kipling. Já tinha pesquisado como ir do aeroporto ao centro de Toronto antes de sair de NY e, como o aeroporto é muito afastado, optei pela dobradinha ônibus + metrô (além do mais, adoro conhecer os meios de transporte públicos dos lugares que visito. Ao menos, até o dia em que eu for à Índia). Logo de cara, vi como os canadenses são, realmente, muito educados e solícitos. Mais do que em qualquer outro lugar que já visitei. Do nada alguém olha para você e diz: ‘Have a nice day’! Isso faz o dia de qualquer pessoa bem melhor!

Desci na estação College, já na rua da minha pousada, que ‘ficava’ na Carlton Street. Essa palavra – ficava -, assim, no passado e entre aspas, nunca teve um significado tão intenso. Fui andando até o endereço da pousada e, chegando lá, me deparei com uma casa em obras. Isso mesmo. Latas de tinta, maquinário, pintores e nada de móveis e nem sinal de pousada. Entrei na casa e perguntei para onde eu deveria me dirigir, imaginando que se tratava apenas de uma reforma. Me deu pena da cara que o rapaz me olhou. Com essa mesma cara, ele me disse que havia comprado a casa há dois meses e não fazia ideia de como poderia me ajudar. (Um minuto de silêncio…). Pena mesmo ele deve ter sentido de mim, pois, a única frase que ele conseguia dizer era: I’m chocked’. A essa altura, já me perguntava até que ponto os canadenses eram mesmo assim, tão gentis, educados e, neste caso, confiáveis.
Diante dessa situação, só me restou manter a calma, apesar das batidas aceleradas do coração, e procurar um novo hotel para me hospedar. Lembrava de, no trajeto da estação de metrô até a pousada fictícia, ter visto algumas opções. Fui ao primeiro deles, no qual tinha vaga para as quatro noites que eu ficaria em Toronto. Contei minha situação para a recepcionista, que ficou horrorizada por não terem me avisado do fechamento da pousada. Ela ainda tentou entrar em contato por telefone, mas o número já não existia mais. A recepcionista foi tão atenciosa comigo, que, mesmo se o valor da estadia no hotel fosse o triplo do que eu pagaria na pousada (sorte que o pagamento seria feito no momento do check-in), eu ficaria lá! Então, já achando todos eles gentis novamente, fui para meu quarto, por sinal, excelente, e, em pouco tempo, já tinha esquecido o estresse inicial e parti para a rua. Não sem antes reservar com o concierge do hotel um passeio a Niagara Falls para o dia seguinte. Acho que, após o susto da chegada, queria passar um dia sem precisar pensar e planejar nada, me dando ao trabalho de apenas seguir as instruções de um guia turístico.
Meu lindo e tão sonhado quarto
Pronto, pernas para que te quero, Toronto. A duas quadras do meu hotel ficava a rua Yonge Street, uma das principais da cidade e considerada por muitos a mais longa rua do mundo, com 1.930 quilômetros. Lá é onde se vê de tudo e de todos. Centenas de lojas e restaurantes para todos os gostos e bolsos. Pessoas vindas dos quatro cantos do mundo subindo e descendo. Lojinhas de souvenirs, de roupas, de bugigangas, artistas de ruas se apresentando. No cruzamento com a Dundas Street você se depara com uma ‘mini Times Square’, com dezenas de telões de LED e um agito incrível.
É lá também que está a entrada principal para o Eaton Centre, um enorme centro de compras que cresce para baixo do solo. A maior parte do mall é subterrânea, devido ao frio nos dias de inverno. Lá há uma enorme praça de alimentação, com opções de pratos de todo o mundo.
Saindo do Eaton Centre, continuei descendo a Yonge Street sentido lago Ontario. No trajeto, fui admirando a bela e moderna cidade, passando pelo Financial District, com predominância de aço e concreto e ruas congestionadas. Por todo o percurso, gente apressada e turistas encantados, tirando fotos de cada esquina. Atravessei a Front Street e cheguei a Waterfront, que beira o lago Ontario. Lá é possível pegar um barco para passear pelo lago ou então visitar as Toronto Islands, pequenas ilhas interligadas onde se encontram parque de diversão, zoológico e outras atrações. Não animei de ir até lá, pois, além da enorme fila predominantemente formada por crianças, preferi percorrer a Waterfront a pé, conhecendo cada cantinho daquela cidade que já havia me conquistado. Parques, trilhas, marina, pista de corrida (obaaa!) e bike, bares e restaurantes fazem do local o ponto mais agradável de Toronto, principalmente no verão e com dias ensolarados.
Urban Beach com a CN Tower ao fundo
Outro ponto a favor do passeio em Waterfront é a vista constante da principal atração da cidade, a CN Tower, torre mais alta do Canadá, com 553 metros, e que perdeu o título da mais alta do mundo (considerando a antena no topo) em 2010, para a Canton Tower, na China, e, posteriormente, em 2012, para a Tokyo Sky Tree, no Japão. Não resisti e fui até lá para aproveitar a vista de dia e à noite, já que eram 19h e o céu ainda estava claro. Comprei meu ingresso e subi. Caso você vá ao 360 Restaurant, que fica lá no topo, não é preciso pagar para subir, no entanto, é preciso fazer reserva com antecedência. Caso não vá ao restaurante, deve-se comprar o tíquete.
A diversão começa no elevador panorâmico, que sobe 346 metros em 58 segundos. Lá em cima as atrações continuam. Você pode admirar Toronto em 360º pelas amplas janelas de vidro ou pelo terraço cercado por grade, onde o vento é intenso, te deixa descabelada (mulheres, prendam as madeixas!) e te faz andar mais rápido ou mais devagar dependendo da sua direção. Eu adorei e achei que estava participando de uma propaganda de shampoo!
Lake Ontario visto da CN Tower
Há ainda o chão de vidro, que dá muuuuita aflição no começo, mas logo se torna inevitável tirar milhares de fotos, deitar, filmar, caminhar e até pular.
Superando a aflição no chão de vidro
Para os mais corajosos, o Edge Walk é o grande desafio. Trata-se de uma caminhada ao ar livre, na beiradinha da torre, onde as pessoas ficam presas por um cabo de aço, sem apoio para as mãos, e circulam o topo da CN Tower. A aventura é feita em grupos de até seis pessoas e dura cerca de 30 minutos. Para isso, é pago o ingresso à parte. Confesso que fiquei tentada a me aventurar, cheguei a iniciar a compra do ingresso, mas, no último segundo, fui sensata e decidi ter a certeza de que desceria da CN Tower sã e salva, pois ainda tenho muitos retalhos do mundo para costurar, né?
Por fim, a CN Tower tem ainda o Spin, que te leva ao ponto mais alto da torre. Independente de ir ou não a todas essas atrações da torre, esse é um passeio imperdível para quem visita Toronto. A vista é linda, com prédios, ilhas, lago Ontario e um maravilhoso por do sol. Quando as luzes da cidade se acendem então, fica ainda mais lindo.
Me deixei levar pela beleza do visual e, quando me dei conta, já eram 21h30 e me peguei pensando em como voltaria para o hotel, já que o trajeto era consideravelmente longo para uma mulher percorrer a noite e sozinha. Pensei em pegar um ônibus, mas, ao chegar à rua, vi várias pessoas andando e fui caminhando também, até chegar a uma praça e ouvir risadas de uma multidão. Com meu faro jornalístico e curiosa ao extremo, claro, fui até lá para ver qual o motivo da graça. Havia um cinema ao ar livre! Uma enorme tela em plena praça. O filme, lançamento do ano: “As patricinhas de Beverly Hills”! Mas o ambiente estava tão agradável, que me juntei aos telespectadores. Centenas de pessoas assentadas em cadeiras e no chão, com lanches e bebidas, aproveitando uma agradável noite de verão (nesta época do ano, os canadenses ficam o máximo de tempo nas ruas para aproveitarem as raras altas temperaturas). Após o filme, às 23h30, continuei calmamente minha caminhada em pleno centro de Toronto, pensando se algum dia será possível fazer isso no Brasil.
Niagara (Falls, região e on-the-Lake)
No dia seguinte, às 8h45, lá estava eu na recepção do hotel pronta para ir a Niagara Falls. O concierge havia dito que o dia seria lindo e, realmente, estava! Como era eu e eu mesma, o motorista da van da agência King Tours ((http://www.kingtours.ca/) sugeriu que eu fosse no banco da frente. Acabei aceitando o convite para ir fazendo mil perguntas sobre a cidade e sobre Niagara Falls, além de ser mais uma oportunidade para ‘improve my English’! Papo vai, papo vem, ele me contou a história dele: de Sri Lanka, já morou na Alemanha, tem amigos no Brasil e vive há 15 anos em Toronto, com vontade de voltar para a Alemanha e não sair de lá nunca mais. Também contei um pouco sobre mim, o que faço, minhas viagens, a vida no Brasil (que, claro, escondi boa parte dos podres, né? Para os estrangeiros, temos sempre que destacar o lado bom!).
Fui admirando o trajeto de 1h30, mas que conta com algumas paradas pelo caminho. A região de Niagara é o berço dos chamados ‘icewines’, vinhos feitos com uvas colhidas durante o inverno, quando os vinhedos estão cobertos por neve. São vinhos tintos, rosè, brancos e espumantes. Então, o tour incluiu uma parada em uma vinícola, a Pillitteri Estates Winery, onde aprendemos um pouco sobre a bebida e fizemos degustação do tinto e do branco, ambos mais doces do que o vinho normal (um perigo!). São cerca de 80 vinícolas na região e todas elas muito bem estruturadas, com lojas, tours guiados e restaurantes que trabalham com menus harmonizados. Não deixe de experimentar as frutas locais, todas orgânicas e muito saborosas. Melhor pêssego que já comi na vida! Elas sempre ficam à venda em lojinhas na beira da estrada e nas vinícolas.
Para os amantes do vinho, uma boa dica é alugar um carro e fazer o próprio itinerário, conforme o Wine Route Planner (http://winecountryontario.ca/wine-route-planner).

De lá, nossa próxima parada foi na cidade mais fofa do Canadá. Isso mesmo, eles próprios a definem como The Prettiest City in Canada! Niagara- on-the-Lake (assim, com hífen) parece ter sido tirada de um conto de fadas. Localizada na junção do rio Niagara com o lago Ontário, a cidade é minúscula, com uma avenida principal, que conta com a linda Torre do Relógio ao centro, e outras ruelas cortando-a, sempre emolduradas por lindos jardins.
As casinhas, todas pequeninas, antigas e bem cuidadas, dão lugar a lojinhas, hotéis, restaurantes, lojas de artesanato e produtos locais e as tentadoras docerias, que nos atraem pelo aroma ao passar na porta. Eu mesma fui atraída pela cheesecake de chocolate com peanut butter da Niagara Home Bakery, acompanhada por um belo café expresso (ô, saudade!). Nas ruas que cortam a avenida principal estão as casas dos moradores, igualmente lindas e bem cuidadas. Nossa passagem por lá foi rápida, pois ainda tínhamos muitas atrações pela frente. Mas vale uma visita com mais calma à região, que já está no meu caderninho de lugares que pretendo voltar!
Depois, fomos rapidamente ver o Relógio de Flores, já em Niagara Park. É lindo, feito em meio a belas e bem cuidadas flores, com grandes ponteiros. Mas nada estonteante. Logo em frente, mais bonito do que o relógio é a vista que temos do rio Niagara, sendo a margem oposta território americano.
Mais uma vez, voltamos para a van. Meu lugar no banco da frente já estava ocupado por uma senhora e então, fui obrigada a encontrar um lugar lá atrás. Agora estávamos a caminho das falls, atração principal do passeio, a qual eu já estava ansiosa para ver logo. A meu lado havia um rapaz, que, percebendo que perdi meu local privilegiado na van, puxou assunto. Acabamos ficando amigos e fazendo o passeio juntos, o que foi ótimo, pois ficaríamos em Niagara Falls por 2h30 e, como a cidade é minúscula, ter uma companhia para ficar por conta do à toa foi ótimo!
Ah sim! Cidade! Niagara Falls não é apenas o nome do conjunto de cataratas. É também o nome de uma cidade que fica, literalmente, às margens das quedas. E tal localização, logo ali, ao lado das cachoeiras, tendo as falls como pano de fundo, me deixou impressionada. Sempre que ouvia falar em Niagara Falls, imaginava que elas fossem em meio a um grande parque, cercadas por árvores e que fosse preciso fazer uma caminhadinha para chegar até lá. Nunca tinha me dado ao trabalho de olhar no Google Maps ou de pesquisar mais a respeito da região. E, quando cheguei e vi uma mini Las Vegas, fiquei atônita. E percebi que muitas pessoas tiveram a mesma reação que eu. A cidade de Niagara Falls é bem moderna, repleta de cassinos, restaurantes, pubs, parques infantis e hotéis. Ou seja, criaram-na ali aproveitando a grande vocação turística do local, assim como Vegas em meio ao deserto. Para mim, foi a descoberta do ano!
Vista privilegiada dos moradores de Niagara Falls
Bom, no nosso tour podíamos escolher uma entre as duas opções de passeio para ver as falls de perto. Uma delas é o Maid of the Mist, um enorme barco que percorre o rio em direção às quedas d´água e a outra é o Behind the Falls, que você passa a pé por trás das cataratas.
Por sugestão da maioria das pessoas, optamos pelo Maid of the Mist. Como ele vai bem perto das quedas, recebemos uma capa de chuva, pois não tem como sair de lá seco. O barco, de dois andares, vai bem cheio e, claro, fomos lá em cima, na parte descoberta e bem na beirada, para que pudéssemos ter uma vista privilegiada. Mas demos sorte de sermos os primeiros da fila para entrar no barco, pois, assim, pudemos escolher a melhor localização. O percurso é bem rápido, leva apenas 20 minutos, mas o suficiente para encharcarmos. Por isso, atenção com as câmeras fotográficas e celulares.
Antes mesmo de entrarmos no barco, já sentimos os respingados em nossa pele, tamanha a força da água caindo. O passeio começa indo próximo às cataratas americanas e de Bridal Veil, que são as quedas mais retas, onde podemos apreciar a beleza da queda com 323 metros de largura. De lá, já seguimos para em direção à queda canadense, a mais curvada e com queda mais forte, a qual conta com 792 metros de largura. É chegando ali que começa a ‘tempestade’. Essa é a sensação que temos. É incrível ver a força da natureza tão de perto. A água cai e já evapora, formando uma nuvem enorme em frente à catarata. Depois o barco dá meia volta e retorna ao deck, o qual já está com uma enorme fila formada para o próximo passeio.
Mesmo com a capa de chuva, todos saíram de lá com os pés encharcados. Bom que o dia estava bem quente e ensolarado, o que em um minuto fez com que os pés estivessem secos novamente. Mas quem se importa com isso, não é? Afinal, é Niagara Falls!
Subimos e fomos caminhar pela cidade. Passamos pela Centre Street, que é uma espécie de mini Las Vegas misturada com mini Hollywood, com muitas luzes e vitrines de lojas coloridas, lanchonetes e restaurantes. Mas tudo é uma diversão. O Burger King, por exemplo, conta com um enorme Hulk na fachada. Há também o MGM Studios Plaza, com o grande leão dourado na MGM nos dando boas vindas. Há o Guinness World Records Museum, do conhecido Guinness Book, que apresenta alguns dos recordes mundiais; o Movie Lands, museu de cera com bonecos dos artistas e uma série de outras atrações. Um prato cheio para crianças. Um pouco mais distante dali, há ainda uma outra atração interessante, à qual não fui, mas me bateu um arrependimento depois: o Skylon Tower, prédio que oferece a vista panorâmica mais alta das cataratas.
Fachadas divertidas em Niagara Falls
Como a cidade é bem pequena, o passeio foi rápido e optamos por comer algo em um pub, o Jack’s Cantina, esquina da Cantre Street com a Ellen Avenue, onde experimentei mais uma cerveja canadense, a Alexander Keith’s Pale Ale. Uma delícia, com sabor de trigo. A essa altura, eu já achava que minha língua pátria era o inglês. Meu amigo falava muito rápido e, algumas palavras eu fingia que entendia e, assim, a conversa fluiu.
Já quase na hora de voltar para a van, caminhamos pelo Queen Victoria Park, localizado na avenida Niagara Parkway, que beira o rio Niagara, onde se localizam as falls. Fui até a beirada admirá-las pela última vez e retornamos para Toronto.
À noite, já com fome, procurei por um lugar para comer e experimentar novas cervejas canadenses. Acabei encontrando, por acaso, um ótimo pub que não pode deixar de ser visitado por quem for a Tortonto. Chama C’est What? e fica na Front Street, quase na esquina com Church. A entrada é bem pequenina, pois ele fica no subsolo. Com luzes baixas e mesas de sinuca, é frequentado por pessoas que moram na cidade. O interessante é que o bar produz suas próprias cervejas, que trazem nas receitas ingredientes como café, chocolate, laranja, gengibre. Vale a pena assentar no balcão, fazer amizade com os atendentes e ir pedindo sugestões de quais experimentar, caso não tenha pique para encarar todas elas.
Por fim, hora de dormir e recuperar as energias para mais um dia nessa incrível cidade.
Front Street, perto do pub C’est What?
Let’s explore Toronto
No dia seguinte à minha ida a Niagara Falls, foi a vez de visitar o Queen’s Park, que recebeu esse nome em homenagem à rainha Victoria, do Reino Unido. Fui caminhando pela College Street, onde se encontram diversos hospitais e clínicas de saúde, até chegar à University Avenue. De lá já avistei o belo prédio do parlamento de Ontario, datado de 1892, o qual fica no meio do parque.
Uma das mais agradáveis áreas da cidade, é lá também que fica a Universidade de Toronto, ou U of T, que concentra faculdades, hospitais e centros de pesquisas. No campus pode-se e deve-se entrar para admirar a arquitetura dos edifícios, em estilos neogóticos e românicos, construídos entre 1858 e 1929. O mais bonito deles é o principal prédio da Universidade, que abriga a Univesity College. Logo ao lado está um memorial em homenagem aos alunos mortos nas Guerras Mundiais. Quando passei por lá, alunos jogavam beisebol, aproveitando a bela manhã de sol.
Saindo do campus, segui para a parte de trás do parlamento, onde encontra-se a maior área verde do Queen’s Park. Como era verão, pessoas aproveitavam para assentarem à grama para descansar, ler um livro. Algumas corriam e outras, como eu, caminhavam sem rumo, observando como é agradável aquela cidade. Seguindo pela Avenue Road, passei pelo Royal Ontario Museum, o principal da cidade, que detém coleções de diversos objetos divididos em paleontologia, mineralogia, zoologia, geologia, sem contar com as antiguidades, arte europeia e história canadense.
Saindo do museu, cheguei à Bloor Street, no bairro Yorkville, uma das mais movimentadas de Toronto, que abriga uma série de empresas canadenses e lojas de grife, lugar perfeito para quem gosta de comprar. Lá estão marcas como Prada, Louis Vuitton, Gucci, Chanel. Mas há também opções para quem prefere gastar menos e comprar mais, como H&M, Nike, American Apparel, Forever 21, e outras. Na rua há ainda uma série de galerias de arte que merecem ser visitadas, assim como cafés com varandas viradas para as calçadas, ideais para repor as energias e assistir ao desfile de modas pela via movimentada.
Voltando para a Younge Street, desci até a Front Street e fui visitar o St. Lawrence Market, nomeado pela National Geographic o melhor Mercado de comida do mundo. E não é para menos. Pelos seus corredores é tarefa difícil resistir a tantas tentações.

Há opções tanto para quem quer comprar alimentos frescos para preparar em casa, como verduras, legumes, carnes, orgânicos, laticínios, quanto refeições para serem deliciadas na hora, no terraço ao redor do antigo edifício. São vários sanduíches, pizzas, bolinhos de caranguejo, fish and chips, sushi, doces e mais uma infinidade de comidas de dar água na boca. Não deixe de experimentar os bagels da banca St. Urban Bagel Bakery. Minhas opções foram o de blueberry e o de cream cheese puro, em pão multi-grãos. Deliciosos!
Bagels – difícil escolher um só!
Depois da minha visita ao St. Lawrence Market, fui caminhando pela Front Street até a Parliament Street, onde cheguei a uma das áreas mais interessantes de Toronto: Distillery Historic District. Antiga região da cidade, lá funcionava uma destilaria, a Gooderham and Worts Distillery, fundada em 1832 e considerada a maior do mundo no final dos anos 1860.
Mais de um século depois, após a área ter sido abandonada, foram construídos dois condomínios residenciais e a região foi revitalizada. Hoje, o local está repleto de lojas de designers, artesanatos, galerias de arte, cafés e restaurantes, onde se pode entrar apenas pedestres, o que a torna uma região super agradável para um passeio no final da tarde ou para curtir a noite ao som de bandas que se apresentam ao vivo. E o local é lindo, com os prédios vitorianos mesclando tijolos alaranjados e ferro fundido. Claro que não resisti e passei boas horas da minha tarde por ali, olhando o movimento e experimentando uma gelada Molson Canadian, uma cerveja larger bastante saborosa, comum no Canadá, como as nossas Brahma e Skol. Depois continuei experimentando-a em diversas outras ocasiões agradáveis como aquela no Distillery! 😉
Distillery e sua antiga decoração
Próxima parada: Queen Street. Uma muvuca sem fim no cruzamento com a Yonge. Porém, quando cruza a University Avenue, chega à parte mais bacana, o fashion district, onde se pode encontrar lojas de todos os estilos, que vão do alternativo até as de marcas conhecidas, porém, com preços mais acessíveis, diferentemente da Bloor Street. Com certeza, caminhando pela rua você irá encontrar algo que é a sua cara. Isso sem contar com a infinidade de bares descolados, cafés e afins.
Cruzamento da Yonge com a Queen Street
Na ida para o hotel, senti fome. Mas não queria mais comer comida chinesa, massa e, muito menos, sanduíche, o que fiz questão de manter de fora da minha alimentação de férias em países norte americanos. E não é que, do nada, senti uma enorme curiosidade de entrar em um supermercado em frente ao meu hotel, chamado Loblaws. Foi a melhor coisa que fiz! Para quem mora em Belo Horizonte e conhece uma rede chamada Verde Mar, pode ter uma breve ideia do que estou falando. Digo breve, pois trata-se de um Verde Mar três vezes melhor, no quesito variedade. Lá se vende de tudo, fresquinho, orgânico, além dos produtos de um mercado comum. Fiquei um pouco perdida. São diversas baias de comidas preparadas na hora: pizza, sanduíche, massas, saladas, japonês, frios, etc. Você se serve e paga pelo quilo. Fiquei com a salada. Mas prometi a mim mesma que, no dia seguinte, voltaria para experimentar uma massa e sushi. Também levei para comer mais tarde um pote de iogurte grego com berrys, que é como países de língua inglesa se referem à frutas como blueberry, strawberry, cramberry e blackberry. Um achado e tanto, logo na frente do meu hotel. Fui embora feliz da vida, descansar da maratona de caminhada do dia e descansar ao máximo, pois, o dia seguinte seria meu último dia inteiro em Toronto, e a saudade já começava a bater.
O sábado amanheceu com um sol incrível e um clima super agradável e fui então fazer o que eu tinha prometido: correr em todas as cidades que eu visitasse na viagem! Coloquei minha roupa, meus tênis (que faziam sucesso por onde eu passava, devido às tantas cores em um único calçado!), e fui embora, rumo à minha corridinha de Toronto. Desci até Harbour Front e comecei a corrida do Terminal do Ferry.
Lake Ontario visto de Harbour Front
Passei por toda a beira do Lake Ontario, seguindo pela Lake Shore Boulevard. Pude ter cada vista linda de Toronto, que valeu cada quilômetro corrido! Costumo dizer que, correndo, podemos conhecer lugares que, caminhando, certamente não conheceríamos, pois não iríamos até lá simplesmente andando.
Presente da corrida: essa linda vista
Depois voltei até a Younge Street, quando resolvi seguir até o Chinatown, antes de chegar a meu próximo destino: o Kensington Market. Apesar de não ser fã dos bairros chineses, é sempre interessante conhecê-los! E não é que o de Toronto me surpreendeu? Um dos mais organizados e limpos de todos, com diversas lojinhas como o de todos os outros, daquelas que vendem de tudo a preços baixíssimos.
Mas passei mesmo só para dar uma olhada e segui para o Kensington Market, o bairro que reflete a diversidade cultural de Toronto. O lugar é completamente despojado, com banquinhas espalhadas pelas ruas, que vendem produtos de diversas partes do mundo. Brechós, quitandas de frutas e verduras, lojas de itens para caça e pesca, açougues e até mesmo lugares onde é permitido fumar maconha (apesar de não vender a erva, pois no país o consumo é proibido).
A região é frequentada por hippies, estudantes, rastafáris e todas as tribos. Saindo da rua principal, onde se concentram as lojas, dei uma volta pelo bairro, também com casas em estilo vitoriano, apenas para conhecê-lo e adorei a região.
Bairro repleto de ruas agradáveis
Porém, minhas pernas já não tinham mais forças para andar e era hora de ir para o hotel, organizar minha bagagem, pois, no dia seguinte à tarde, eu já mudaria de ares novamente. Ah, o Loblaws foi parada obrigatória antes de ir para o hotel! Quero esse supermercado para mim!
Na manhã de domingo, fiz meu check out e fui despedir de Toronto. Passei pela Casa Loma, um museu construído em um castelo em estilo neo-romântico, o qual serviu de residência para um financista no começo da década de 1910. Hoje, são mantidos os cômodos da antiga “casa”. Porém, como meu tempo era curto, preferi não entrar e fui me despedir do meu local favorito em Toronto: Harbour Front, onde escolhi um restaurante com varanda voltada para o Lake Ontario e pedi uma Molson para fechar com chave de ouro. Por fim, subi a Yonge Street calmamente, pensando se as outras cidades que eu visitaria me surpreenderiam tanto quanto Toronto me surpreendeu! Mas já era hora de dizer: Québec, aí viu eu!
Estou impressionada com a riqueza de detalhes, fotos, experiências e tudo mais!. Realmente importante para todos aqueles que gostam de viajar e conhecer novas culturas. Parabéns! Beijos
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