Saindo de Toronto, peguei um voo para Québec, pela companhia WestJet. No voo, me assentei ao lado de uma canadense, da região de Alberta, que estava indo visitar os familiares que moram em uma cidadezinha perto de Quebéc. Havia muito tempo que ela não ia por lá, então não soube me dar muitas dicas. Acabamos conversando sobre nós, eu contando um pouco sobre o que faço no Brasil e ela me contando dos filhos dela, espalhados mundo afora. Sylvia era seu nome. Simpática, educada, receptiva, fez com que o voo, de 1h15, passasse sem eu perceber. Ela me contou que em Québec a “maioria esmagadora” das pessoas fala francês, mas, como se trata de uma cidade muito turística, o inglês é arranhado por muitos nas regiões mais movimentadas.
Chegamos a Québec já tarde, por volta das 21h30 e, sendo assim, já não havia mais transfer do aeroporto para o centro, uma vez que ele só funciona até às 16h. Então, minha única opção foi pegar um táxi até minha pousada, que ficava localizada na avenue Chemin Sainte-Foy (pronúncia que logo tratei de aprender, caso eu precisasse dizer aonde estava hospedada). O taxista foi falando o tempo todo, contando que é indiano (claro) e que mora em Québec há mais de 20 anos.
Cheguei à pousada e a porta principal estava aberta. Logo na entrada havia uma mesinha, onde se encontrava um envelope com meu nome. Lá dentro, um guia da cidade, dicas de restaurantes, drogarias e lojas de conveniência na região, instruções de como chegar ao centro histórico, regras da pousada e a chave do meu quarto. Tudo conforme combinado com o dono da pousada. (Vale aqui um parênteses: um dia antes de ir para Québec, pedi que o Cris, meu noivo, que mora na Califórnia, ligasse para lá para se certificar de que o local realmente existia e confirmar minha reserva, devido ao pequeno trauma da minha chegada a Toronto. Informaram a ele que estava tudo ok, mas que a recepção fechava às 21h, portanto, eles deixariam o envelope com todas as instruções para mim. E exatamente assim foi feito). A pousada é uma graça! Super arrumadinha, organizada e limpa! O quarto, bem confortável! Me ajeitei e já estava ansiosa pelo dia seguinte. Gosto de chegar cedo às cidades, pois fico louca para conhecê-las logo. Mal chego e já vou para a rua. Mas, daquela vez, não foi possível.
O dia seguinte amanheceu nublado e chuviscando. Então, tomei meu café da manhã no hotel com o máximo de tranquilidade para ver se o clima melhorava um pouco. E não é que melhorou? Logo fui para a rua. Mesmo sabendo que a distância até o centro histórico era um tanto quanto grande, resolvi ir andando, para conhecer a área residencial da cidade.
Peguei a avenida Grande Allée e fui seguindo por ela até chegar ao Parc des Champs-de-Bataille, onde entrei e continuei caminhando sentido leste, até ele se transformar no parque Plains of Abraham. O parque é enorme, com grande área verde, de onde temos uma bela vista do rio São Lourenço, ou Saint-Laurent, nome em francês.
Cheguei então à La Citadelle, museu localizado entre as muralhas que cercavam a antiga cidade. O ingresso pode ser comprado na hora, na bilheteria logo na entrada do museu. Daí, é só ultrapassar as muralhas e explorar a antiga cidade.
Primeiramente construídas pelos franceses no século 17, para impedir a invasão das tropas britânicas, as muralhas foram parcialmente destruídas na Guerra Franco-Indígena. As atuais foram construídas entre 1820 e 1831 e lá permanecem até hoje, preservadas pelo patrimônio canadense. Como o dia havia mudado e o céu estava azul, haveria a troca da guarda. E posso me considerar uma pessoa de sorte, pois cheguei lá logo no começo da cerimônia e, se não tivesse ido naquele dia, não iria mais, pois nos outros dias a chuva não deu trégua.
Ao ver uma troca da guarda, o que não via desde 2011, fiquei emocionada! Não apenas pela beleza e pela perfeição de cada movimento dos guardas, mas porque me lembrou Londres e a nostalgia me consumiu. Após a cerimônia, temos a opção de fazer o passeio guiado por La Citadelle. As pessoas são divididas em grupo e cada um tem seu guia, que vai contando a história do local e de cada construção em seu interior. De lá, temos uma vista linda da cidade antiga e do belíssimo hotel Chateau Frontenac. Impredível! Minha guia era uma piada! Nos contou detalhes de tudo, tirou dúvidas e brincou com todos nós. Tornou o passeio ainda mais agradável.
De lá, fui caminhando até a praça da Assembléia Nacional, onde está o Parlamento de Quebec, um belo prédio em estilo francês, que traz em sua fachada 22 imagens de homens e mulheres que fizeram parte da história de Quebec. Um pouco à frente do prédio, tem uma bela fonte, a Fontaine de Tourny, de onde se tem uma linda visão panorâmica do edifício. Caso você queira, pode fazer a visita pelo interior do prédio. Como eu queria muito chegar a Vieux Quebec, acabei deixando pra depois… e, por fim, acabei não voltando até lá.
Desci então pelo Pórtico Sain Jean e desci a Rue Saint Louis e, finalmente, cheguei à Vieux Quebec. Fiquei atônita com tanta beleza. Sem exageros! O centro histórico é simplesmente maravilhoso. Parece que estamos entrando em uma pintura.
Cheguei até a entrada do Chateau Frontenac, que é de tirar o fôlego, sem dúvidas, a mais bela construção da cidade, e fiquei admirando o prédio. Dizem que se trata do hotel mais fotografado do mundo. E, diante dele, entende-se porque!
Logo ali em frente, está o Terrace Dufferin, um varandão com banquinhos espalhados por toda a sua extensão, de onde se tem uma bela vista da cidade baixa (Basse Ville).
Fiquei andando por lá por um tempo e, depois, fui descendo pela Côte de la Montagne até a cidade baixa. Outra opção para descer é pegar o Funiculaire, uma espécie de elevador, que desce o morro de forma rápida e confortável. Mas preferi ir andando até me deparar com uma linda escadaria, que nos leva à principal rua da região: a Petit Champlain.
Por ela, passam apenas pedestres e ela é emoldurada por diversos restaurantes, bistrôs, lojinhas com fachadas coloridas e escadas de ferro. Artistas ficam se apresentando e pessoas passam sempre por nós degustando os doces feitos com Maple Syrup, com gostinho de Canadá. Trata-se de um xarope que é extraído de uma árvore, a que tem aquela folha que ilustra a bandeira canadense. Claro que também fui até a La Petite Cabane à Sucre, experimentei e adorei, apesar de muito doce.
Caminhei pela cidade baixa por um tempo – em poucas horas é possível percorrê-la a pé -, e depois subi novamente. Fui explorar um pouco mais a Vieux Quebec e procurar um lugar para almoçar. Caminhei pela Rue de Buade, onde visitei a belíssima Notre Dame de Quebec. Como em todas as outras igrejas que visito pela primeira vez na vida, fiz meu pedido!
Depois desci pela Côte de la Fabrique e cheguei a Rue Saint Jean, a área comercial da Vieux Quebec. A rua fica super movimentada o tempo todo, com pessoas fazendo compras, almoçando ou simplesmente, passeando.
Entrei em todas as lojas possíveis, inclusive as de souvenirs, com cada coisa mais linda. Os preços em Quebec não são dos mais atrativos, não. Para encontrar coisas que valham muito a pena comprar, é preciso caminhar muito! Até que vi umas peças de roupas bem interessantes com bons preços, mas não me arrisquei naquele momento, pois ainda tinha muito o que caminhar!
Nesse entre e sai de lojas, descobri uma repleta de itens super interessantes, a Magasin Général! Fiquei horas lá dentro olhando tudo e rindo de algumas peças divertidas. Depois fui até o Casse Crepe Breton, uma aconchegante creperia, onde matei minha fome e minha sede de cerveja! O preço é justo e o atendimento ótimo! Tudo isso localizado na Rue Saint Jean.
Continuei a caminhada até o pórtico da Rue Saint James e cheguei ao Palais Montcalm, um belo teatro da cidade. Logo ali em frente está o Le Cabaret du Capitole, outro espaço destinado a shows. Pelo letreiro na porta, o nível é altíssimo, com covers de Queen, Johny Cash e Elvis.
Naquele dia, estavam dizendo que o dia seguinte seria chuvoso. Então, ao invés de voltar ao hotel de ônibus, optei por ir caminhando pelo lado contrário da cidade. Fui pela própria Saint James, que, mais adiante, se transforma na rua do meu hotel. Passei então por belas casas, comércios, escolas, hospitais, academias, até chegar ao meu ‘lar doce lar’, onde apaguei no mesmo segundo que encostei na cama para repor minhas energias para o dia seguinte.
Amanheceu e, bingo! Chuva. Como já tinha percorrido os principais pontos de Quebec, resolvi voltar para buscar as peças de roupas interessantes e souvenirs que eu havia visto no dia anterior.
Base Ville vista de Vieux Quebec
Mesmo com chuva, o movimento na cidade é intenso. Porém, o frio estava tomando conta de Quebec. Foi preciso entrar em uma loja e comprar um casaco um pouco mais pesado e impermeável. O preço, meio salgadinho, mas também comprei uma peça excelente! Ah, e comprei também uma sombrinha!
Vento, frio e chuva não me fizeram desanimar
Agora sim, a chuva não era empecilho para mim também. Passei pelos pontos que mais gostei novamente e fiquei perambulando sem rumo por Quebec. Ah, coisa chata, hein?
Depois, aproveitei o final de tarde para descobrir como eu chegaria até a estação de Quebec no dia seguinte, de onde seguiria viagem para Montreal. Como sempre, localizei facilmente o trajeto que faria e os meios de transporte que usaria, com a ajuda de um simpático senhor canadense.
Mais tarde a chuva deu uma trégua e resolvi enfrentar a pequena fila que havia na frente de um bar que troquei olhares no dia anterior, o Pub Saint Alexandre. Consegui uma mesa na calçada e fiquei por ali na companhia de uma cerveja canadense com appetizers, vendo o tempo passar.
À noite, já deitada na minha cama, fiquei pensando se um dia teria a oportunidade de voltar a Quebec. Já estava com saudade sem nem mesmo ter saído de lá!
Oi, Angelina. Tudo bem? 😀
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia
Oi, Natalie!! Nossa, que notícia boa! Adorei! Muito obrigada! Abraços
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Olá Angelina!
Tudo bem?
Por favor, poderia me dizer qual foi a pousada que você se hospedou?
Muito obrigada!
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