Histórica Tiradentes

Não sei se vocês sabem, mas meu primeiro post aqui no blog foi de uma cidadezinha linda! A mais charmosa e a que mais amo! Tiradentes, em Minas Gerais, meu estado de alma, coração, vida e espírito! Não sei porque, mas aquela cidade me traz uma sensação especial, que ainda não senti em nenhum outro lugar. Não sei se por sua beleza, simplicidade, importância, charme ou tudo isso e mais um pouco junto.

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Sempre que tinha oportunidade, pegava meu carro, chamava minha mãe, minha companheira tão apaixonada quanto eu, e íamos pra lá nem que fosse para passar o dia e voltar. Minha despedida com a família antes de me mudar para os Estados Unidos foi lá. Dias das mães já foram passados lá; em grandes eventos da cidade estive presente; já fui para fazer matéria de turismo e sempre me pego pensando que, o primeiro lugar que quero ir quando voltar ao Brasil, certamente é Tiradentes.

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E quero fazer o que sempre faço: tomar café no Largo das Forras, andar de Maria Fumaça, caminhar a pé pelo centro histórico, comer frango com orapronobis no Dona Xepa, tomar cerveja em qualquer barzinho com mesa na calçada e me hospedar em uma linda pousada, com aquele típico café da manhã das Minas Gerais!

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Para quem quiser saber um pouco mais sobre essa linda cidade, veja aqui o primeiro post do blog!

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Pico da Bandeira: um lugar perfeito para esperar o amanhã

Dessa vez, vamos DE CARONA com a leitora Gabriela, que fez a caminhada ao Pico da Bandeira para ver o sol se por e nascer! É de emocionar e já faz parte da minha lista de lugares a conhecer! Vamos lá!

“Todos que me conhecem sabem da minha paixão por montanhas, caminhadas em trilhas, mato e tudo que envolve um contato grande com a natureza! Foi assim que, logo no terceiro dia após ingressar na assessoria jurídica em que eu trabalhava, meu amigo Walter me deixou alucinada pela subida ao Pico da Bandeira (localizado no Parque Nacional do Caparaó, divisa de MG e ES), pelo relato que me fez desse passeio fantástico! Já tinha ouvido falar, mas não de forma tão detalhada!

Tentamos fazer o passeio naquele mesmo ano, 2012, mas não conseguimos, pois já estávamos em julho e a programação tem que ser feita com antecedência. Além disso, cada um dos que desejavam ir em nosso grupo já tinha finais de semana tomados por compromissos.

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Conseguimos realizar nosso projeto nos dias 20 e 21 de julho de 2013, depois de termos feito a reserva para o grupo pelo telefone do Parque Nacional do Caparaó – (32) 3747.2943 -, no dia 3 de junho. Antes desta data, já tínhamos telefonado para o Parque e obtivemos a informação de que a reserva para o mês de julho se iniciaria naquele dia. Como nossa vontade era de fazer a caminhada no final de semana da lua cheia, ligamos às 8h e, após várias tentativas, conseguimos!

Fomos na sexta-feira para Alto Caparaó, cidade sede do Parque, que fica a 330 km de Belo Horizonte. Jantamos no restaurante Estância Gourmet, muito agradável e de ótima qualidade. No sábado, após a chegada do restante do grupo, que saiu de BH às 6h, seguimos para o Parque, para iniciarmos nossa emocionante jornada. Na portaria, fizemos o cadastro dos carros, declarando o número de pessoas que subiriam e pagamos a taxa de R$ 17 por pessoa, aí abrangidos a entrada no Parque e a taxa de acampamento.

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Subimos de carro até a Tronqueira, que fica a 1.970 metros de altitude, onde se localiza o estacionamento e há, também, uma área de camping, com banheiros, pias e um mirante natural maravilhoso, de onde se avista o vale do Rio Caparaó e a cidade de Alto Caparaó.

Para nosso alívio, na Tronqueira tem várias mulas que levam as bagagens até o Terreirão, local onde acampamos. Necessitamos de duas mulinhas, pelas quais pagamos R$ 60 a mula, para as oito pessoas do nosso grupo, pois nossa bagagem era consideravelmente grande (barracas, sacos de dormir, cobertores, isolantes, roupas de frio, panelas, fogareiros, comida) e extremamente necessária, já que, não raramente, a temperatura atinge graus negativos.

Iniciamos a primeira caminhada aproximadamente às 12h, por um trajeto de cerca de 4.000 metros de caminhada de nível fácil a médio de dificuldade. Chegamos ao Terreirão por volta de 14h30. A área de camping ainda estava vazia e o sol bem quente!

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Nossas simpáticas ajudantes

No Terreirão, existe uma enorme área de camping com pias, banheiros, chuveiros frios, ou melhor, gelados, e alguns alojamentos de alvenaria e pedra, cuja reserva é mais difícil. Os banheiros e as pias, infelizmente, não são mantidos limpos pelos visitantes.

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Pico da Bandeira visto da trilha para o Terreirão

Armamos nossas barracas e posicionamos nossos sacos de dormir, pois já tínhamos a informação de que, logo após o pôr do sol, a temperatura cairia, bruscamente, por volta de 15 graus. Em seguida, preparamos alguns petiscos e um bom choconhaque, para esperar o entardecer. Embora a entrada de álcool seja proibida, seu consumo moderado não é reprimido no Parque.

O pôr do sol, o qual eu já tinha notícia de que era um espetáculo à parte visto da altitude do Terreirão, de 2.370 metros, me surpreendeu! À frente de nossos olhos, os cumes das montanhas mais altas, que apareciam em meio a um tapete de nuvens e, ao fundo, o sol se escondendo aos poucos, formando cores vivas mescladas no céu. Fantástica e emocionante, a despedida do sol naquele dia levou o público – que a essa hora já havia aumentado bastante – às palmas e gritos, semelhante à apresentação de um ídolo! É de arrepiar!

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Pôr do sol

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De fato, a temperatura despencou, chegando aos 7 graus às 19h. A movimentação de pessoas chegando, armando suas barracas, fazendo comidas, conversando, rindo, transitando para um lado e outro da imensa área de camping era empolgante. Nosso jantar foi um maravilhoso macarrão que já foi levado semi pronto por um dos integrantes do nosso grupo, seguido de mais choconhaque, para tentar esquentar o corpo.

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Tentando espantar o frio

Como o local não possui energia elétrica, grande parte das pessoas se recolheu às suas barracas logo no início da noite, ficando alguns ‘gatos pingados’ responsáveis por uma movimentação que não cessou até as 2h, quando todos se levantaram para seguir o caminho até o Pico da Bandeira. Apesar da escuridão, do frio e da ventania que fazia em plena madrugada, a movimentação, o barulho e as luzes das lanternas rapidamente nos fizeram esquecer que horas eram.

Nosso grupo foi rápido e, em pouco tempo, ingressamos na trilha para a subida ao Pico, num caminho de, aproximadamente, 3.900 metros. Passados menos de 10 minutos de caminhada, já comecei a achar que o casaco de pena de ganso, blusa de lã, gorro, duas calças e três meias que me vestiam eram um exagero e rapidamente retirei o casaco e continuei levando-o preso à cintura.

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Subindo ainda mais…

A caminhada é de nível médio a difícil, sendo necessário um mínimo de preparo físico, portanto, desaconselhada para quem esteja sedentário, o que não era o meu caso. Além disso, as fortes alterações de clima diminuem a resistência física, aumentando o cansaço. No caminho, vimos de crianças a pessoas mais velhas, muitos destes com a ajuda de cajados, em razão do grande número de pedras. A trilha é bem demarcada, com sinais amarelos por toda sua extensão.
Olhando para trás, avistava-se a enorme linha de luzes das lanternas que seguiam pela trilha, em meio à escuridão da noite, a qual era amenizada pelo brilho da lua cheia, que ficava mais linda à medida que amanhecia! Ao final da noite, ela ficou grande, vermelha e baixa, beirando as montanhas, muito parecida com o sol, lindíssima!

Chegando ao cume do Pico da Bandeira, avistamos a trilha feita pelas pessoas que ingressam no Parque pela entrada do Espírito Santo. O mais interessante é que elas chegam na mesmíssima sintonia, animação e vontade de chegar ao objetivo final: apreciar o nascer do sol do ponto mais alto dos dois estados e do terceiro mais alto do país!

A agitação das pessoas no alto do Pico é a mesma daquela vivida no Terreirão, só que, desta vez, chamando pelos nomes dos amigos que acabaram se afastando no decorrer da trilha e citando os nomes das cidades e estados de onde vieram. Porém, esta agitação se torna ainda maior, pois se junta à emoção, visível em cada um, de atingir o cume do Pico da Bandeira, de chegar ao destino daquela jornada maravilhosa!

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Nem mesmo o frio e a ventania imensa, que faziam com que a sensação térmica chegasse a menos de zero grau, retiravam a emoção dos que chegavam ao topo! Aliás, a essa altura, eu não só já estava novamente vestida com meu casaco de pena de ganso, como o havia fechado até o último botão, com a proteção de pescoço, capuz e tudo mais a que tinha direito!

Chegamos ao Pico da Bandeira por volta de 5h30, quando o sol já dava seus primeiros sinais, com as luzes vermelhas no céu. Nos posicionamos em um local em que teríamos uma visão privilegiada do nascer do sol e lá ficamos, até às 6h20, torcendo pela sua chegada, para amenizar o frio que já queimava nossa pele!

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Nascer do sol

O nascer do sol foi maravilhoso! Fantástico! Um espetáculo que levou todos os que lá estavam aos gritos e aplausos, mais uma vez! O tapete de nuvens se perdia no horizonte, com poucos picos de montanhas sobressaindo àquele. A luz do sol, que ficava cada vez mais forte, fazia com que as cores do tapete se mudassem a cada minuto e, de repente, surgiu uma primeira linha daquele imponente rei, que, muito rapidamente, mostrou-se por completo, iluminando e aquecendo o dia! Há quem prefira assistir à partida do sol! Eu, particularmente, fiquei em êxtase com a sua chegada naquele dia, vista de um lugar tão especial!

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Dispensa legendas

Naquele momento, como acontece em todas as vezes em que tenho um contato tão próximo com a natureza, tive ainda mais certeza da perfeição da criação Divina!

Logo após o nascer do sol, fomos até o cruzeiro e a imagem de Cristo, que ficam no alto do Pico, e, logo após, iniciamos a descida, juntamente com a grande maioria dos que estavam ali presentes. Também na descida é interessante avistar os capixabas seguirem por seu caminho, enquanto os mineiros, inclusive nós, voltávamos ao Terreirão, para desfazermos nosso acampamento e seguirmos de volta à Tronqueira.

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Após duas horas de descida, chegamos ao ponto intermediário, Terreirão, e não tivemos tempo sequer de descansar, pois queríamos tentar locar uma das mulas que desceriam às 10h. Com sorte e muita insistência com o administrador das mulas, conseguimos uma única, última, a qual desceu com parte da bagagem, enquanto distribuímos o restante entre nós, para agilizarmos nossa longa volta até BH. A descida até a Tronqueira foi tranquila, com a sensação de dever cumprido, de realização de um desejo antigo!

A natureza sempre me surpreende, me traz experiências maravilhosas e sempre confirma que qualquer obra construída pelo homem, por mais sofisticada que seja, jamais atingirá a beleza das coisas mais simples da natureza, quanto mais as grandiosas, como as que pude presenciar neste passeio maravilhoso!!

Hoje, olho todos os dias para o sol, já alto, e penso que ele já fez seu espetáculo diário em seu nascer, o que me dá uma vontade de estar todos os dias no alvorecer no alto do Pico da Bandeira, para revivê-lo.

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Amigos e companheiros de viagem!

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Agradeço aos meus amigos que fizeram parte deste grupo, Walter, Patrícia, Dudu, Simone, Pedro e Carol, e, especialmente, ao meu marido, Bruno, por compartilharmos momentos tão especiais e emocionantes!”

História enviada pela leitora Gabriela Fontes

Tiradentes, real ou cenográfica?

Essa é a pergunta que sempre faço a mim mesma quando visito Tiradentes, uma das cidades históricas de Minas Gerais. É tudo tão lindo que parece mais uma cidade cenográfica, construída para rodar um filme de época. Passear por lá, me dá a sensação de que voltei no tempo, e mais, traz uma tranquilidade enorme. Parece que o mundo se resume àquilo ali: nada de trânsito (desde que não seja alta temporada, quando o Largo das Forras fica bem movimentado), passeios a pé ou à charrete, crianças correndo pelas praças, mesas nas calçadas, belezas naturais e sem contar com os diversos restaurantes que, é claro, mostram ao mundo o que Minas tem de melhor: a culinária. E adoro ainda mais, porque é bem pertinho de BH, a 197 quilômetros, ou seja, em 2h de carro estamos lá! (Há quem ache que 2h de carro é longe! Mas já sabem como é o ‘pertinho’ de mineiro, né?? Até 4h de viagem ‘tô’ achando ótimo)!!!

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Mas algo que me chama bastante atenção na cidade é a preservação do centro histórico. As características das construções barrocas estão todas lá, marcadas pelo tempo, mas sempre bem cuidadas. Em Minas, temos muitas cidades históricas lindas, que ainda vou falar por aqui, mas nenhuma delas é tão preservada quanto Tiradentes. Talvez por ser a menor de todas e não ter vivenciado um crescimento tão desenfreado como Ouro Preto, São João Del Rey e Diamantina.

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Independente disso, ela tem um ‘quê’ a mais, que atrai famílias, jovens e, principalmente, casais em busca de um final de semana bem tranquilo. E esse ‘quê’ é o quanto ela é aconchegante! Tanto a cidade em si, quanto os hoteis e pousadas! Falando nisso, para hospedagem, há uma quantidade enorme de opções. Tem aquelas mais requintadas, como a Pequena Tiradentes, e outras também aconchegantes, mas com preços mais convidativos, como a Coração Inconfidente e Trem do Imperador, em que os quartos são vagões de trem. Uma hospedagem, no mínimo, curiosa. No site da Secretaria de Turismo de Tiradentes, você pode encontrar diversas outras opções.

A ultra-aconchegante Tiradentes tem clima agradável e é emoldurada pela bela Serra de São José. Em um dia de visita é possível conhecer os principais pontos turísticos, todos localizados bem próximos um ao outro, como a Câmara Municipala Cadeia Públicaa Casa de Cultura e o Chafariz São José. Isso sem contar com as várias igrejas espalhadas por todo lado. No entanto, para mim, não há nenhuma tão bela quanto a Matriz de Santo Antônio, projetada por Aleijadinho, decorada com uma grande quantidade de ouro e que abriga um órgão português do século XVII, um dos mais valiosos do mundo. Lindíssima!!

IMG_2229 Matriz de Santo Antônio

Outro atrativo de Tiradentes é o artesanato típico de Minas! Impossível sair de lá sem uma das adoráveis peças decorativas! Namoradeiras, jarros e flores, móveis antigos, e mais uma infinidade de objetos em barro, cerâmica, ferro, tear, todos feitos por artesãos locais e moradores das cidadezinhas ao redor, como Bichinho (vale a visita, pois os preços lá são bem mais atrativos e o lugarejo é lindo), Prados, Resende Costa e outras.

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Maria Fumaça

E quem nunca ouviu falar da Maria Fumaça, que liga Tiradentes a São João Del Rey? Sem dúvida, o passeio mais concorrido e que encanta a todos! A viagem de volta ao tempo já começa no momento do embarque, na pequena estação, construída em 1981.

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E lá você ainda pode ver a rotunda, mecanismo que inverte a locomotiva na linha férrea, colocando-a à frente dos vagões para fazer o trajeto inverso. Vale a pena assistir!

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Os passeios têm horários fixos, tanto para ir quanto para voltar de São João, então, fique atento a eles para tentar fazer os dois percursos de Maria Fumaça. Mas, caso não consiga conciliar, fique tranquilo! Diversos guias turísticos oferecem transporte de volta em vans. Ah, e tente chegar cedo à estação para pegar um lugar na janela! São 35 minutos de paisagens lindas!

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Eventos e mais eventos

Muita gente gosta de evitar viagens na alta temporada. Mas em Tiradentes vale a pena enfrentar a movimentação, pois os eventos lá sediados são incríveis! No começo do ano, em janeiro é realizada a Mostra de Cinema de Tiradentes, que atrai cineastas, estudantes e apreciadores da 7ª arte. A cidade fica lotada e a programação inclui palestras, oficinas e exibição de filmes gratuitas. O carnaval é outra data que atrai turistas do Brasil todo! A festa de rua de Minas Gerais é bem famosa, ainda mais quando se trata de cidades históricas! Já em junho, tem o encontro de motos Bike Fest, evento que mais gosto! Apesar de eu não ter moto, acho, no mínimo, interessante ver o contraste do moderno de do antigo, ao avistar uma Harley Davidson ao lado de uma charrete!

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Homens, mulheres e jovens chegam de várias partes do Brasil pilotando suas motocicletas e as estacionam na praça, repleta de barraquinhas, onde são vendidos acessórios, bebidas e petiscos. As mesas nas calçadas ficam cheias o dia todo e as pessoas se divertem na mesma sintonia.

Agora, aqueles que gostam de culinária-arte, o Festival Internacional de Cultura e Gastronomia, em agosto, atrai pelos aromas (imagino aquele tanto de gente voando, carregados pelos cheiros deliciosos de comida, assim como nos desenhos animados). Chefes se espalham por diversos restaurantes da cidade, fazendo química com os ingredientes, o que resulta em pratos deliciosos!

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Agora, falando em culinária, queria deixar aqui uma dica de ouro: um prato tipicamente mineiro, mas que muitos mineiros não conhecem! É o frango com ora pro nobis. Para quem não sabe o que é, trata-se de um vegetal, muitas vezes usado como orégano, em forma de folha seca e moída. Mas, no caso desse prato, ele é refogado e acrescentado ao frango ensopado. Para acompanhar, arroz, angu e uma saladinha! Sem comentários!!! O restaurante que indico para experimentar essa delícia em Tiradentes é o Dona Xepa, bem pertinho do Largo das Forras! Quando experimentarem, me contem o que acharam! Tenho certeza de que sairão de lá com a mesma opinião que dei lá em cima: a culinária de Minas é o que há de melhor!