Antes mesmo de sair do Brasil para minha viagem pelos USA e Canadá, uma amiga me disse: você vai se apaixonar por Vancouver e vai querer morar lá. Ela me conhece e sabe que gosto de qualidade de vida, natureza e esportes, ou seja, Vancouver é este lugar!
Vancouver vista do Stanley Park
A maior cidade do leste canadense, localizada em British Columbia, está encrustada entre lagos e montanhas, o que a transforma em um verdadeiro paraíso. As ruas e avenidas são largas, bem arborizadas e decoradas com flores; o clima da cidade no verão é uma delícia, com um ventinho quase que constante, por estar cercada por água; os prédios são modernos, a maioria deles todo feito com vidros; existem muitas praças e parques. Além disso, ela é limpa, segura e extremamente agradável.
Cheguei ao aeroporto e peguei um metrô com destino a Vancouver Downtown, situado entre os rios False Creek e Burrard Inlet. Desci na estação Vancouver City Centre, próxima ao hotel onde fiquei, o The Kingston Hotel Bed & Breakfast. Trata-se de uma simpática pousada, em estilo europeu, super aconchegante, com ótimo atendimento e com um café da manhã delicioso, com bagels acompanhados por geleia ou queijo e café!
Deixei minha bagagem no quarto e rua! Comecei descendo a rua do meu hotel, a Richards Street, que leva até a waterfront. É lá que está o Canada Place, espaço que concentra restaurantes, centro de informações aos turistas, hotel, cinema e uma vista magnífica do Burrard Inlet, com a Grouse Mountain e outras montanhas ao fundo.
Canada Place
O local fica repleto de turistas, sejam os que estão hospedados na cidade, ou os que chegam nos cruzeiros que ancoram no Canada Place. Fiquei por lá andando e observando os seaplanes decolando nas águas de Vancouver Harbour. Aliás, este é um bom passeio a se fazer durante visita à cidade. Os aviões aquáticos decolam e fazem voos panorâmicos de 10 minutos ou mais pela região, podendo incluir, também, as The North Shore Mountains. Não fiz o tour, mas deve ser bacana demais!
Passeio por Canada Place, com a Grouse Mountain e seaplane ao fundo
Continuei minha caminhada sentido oeste, margeando o rio. No caminho, ficava encantada com cada prédio ao meu lado esquerdo e com as belíssimas montanhas à direita e imaginando como deve ser bom viver ali. Passei pelo píer, com lanchas e barcos ancorados e cheguei ao Stanley Park, minha próxima parada. Ele é bem grande e margeado por uma pista de corrida de 8km, o que já entrou para os meus planos.
Prédios e barcos emolduram o canal
Mas, nesse dia, não dei a volta completa. Comecei caminhando sentido aos totens indianos. Pela cidade – e por todo o país – existem alguns pontos que concentram tais esculturas, herdadas dos antigos artesãos que viviam no Canadá e as esculpiam à mão. São figuras de peixes, aves, macacos e outros animais e humanos, sobrepostas umas às outras.
Totens indianos no Stanley Park
Passei pelo farol – Brockton Point Lighthouse – e cheguei até a escultura de uma sereia em cima de uma pedra localizada dentro do rio, denominada Girl in a Wet Suit.
Girl in a Wet Suit
Voltei por dentro do parque, que ainda conta com jardins, aquário, áreas de lazer e outras atrações e fui bater perna pelas ruas do centro da cidade. Na Robson Street estão as belas e caríssimas lojas de grifes famosas mundo afora. Mas também têm as de departamento, onde sempre saímos com as sacolas abarrotadas de compras. Já na Granville Street, lojas baratíssimas e com pechinchas incríveis, como 3 sapatos por $ 15 dólares canadenses ou aquelas promoções ‘compre um e leve dois’. Imagina o estrago!
Granville Street, o lugar das pechinchas
O dia seguinte foi dedicado à North Vancouver. Já havia me programado para levantar cedo e ir para essa região, que concentra duas grandes e imperdíveis atrações da cidade: o Capilano Suspention Bridge Park e a Grouse Mountain. Havia me informado, no centro de informações turísticas do Canada Place, sobre como chegar até lá e descobri que existe um ônibus gratuito que leva turistas até o Capilano Park. E havia um ponto de partida bem pertinho do meu hotel. De lá, para seguir até Grouse Mountain, eu poderia pegar um ônibus – sempre com o dinheiro exato, pois eles não dão troco. Os dois locais são bem próximos um do outro, porém, o trajeto é um morro e não há nada ao redor, por isso, não vale a pena ir a pé.
Bom, cheguei então ao Capilano Suspension Bridge Park já com meu ingresso comprado, então, nada de filas! Fui uma das primeiras a entrar no parque naquele dia e fui logo em direção à ponte, pois queria tirar uma foto dela ainda com poucos turistas.
Capilano Bridge
Construída em 1889, já passou por diversas versões para se manter em ótimo estado. Ela está a 75 metros de altura do chão, por onde corre o Capilano River, e tem 150 metros de extensão, sendo a mais longa ponte suspensa de pedestres do mundo! Ao seu redor, árvores enormes dão o tom verde ao parque. Fui logo atravessar a ponte, que balança um pouco com o caminhar das pessoas. Algumas, que não gostam de altura, sentem-se incomodadas com a ponte se mexendo, porém, é super tranquilo e seguro.
Capilano Bridge
Ao atravessá-la, cheguei ao outro lado do parque, onde se encontram riachos, aves silvestres treinadas e o Treetop Adventure, um interessante passeio por entre as árvores, por meio de passarelas de madeira suspensas. Adorei!
Passeio por passarelas suspensas entre as árvores
Ao retornar pela ponte, fui ainda a um mirante, inaugurado recentemente, em 2011, o qual contorna um morro de granito com uma fina passarela de madeira, protegida por grades nas laterais, o qual nos permite uma bela vista da floresta e do Capilano River.
Mirante aflitivo! Altura por todos os lados
Já no restaurante, experimentei, pela primeira vez, o famoso fudge, um doce que já havia visto à venda por várias vezes no Canadá, USA e Inglaterra. Apesar de ser chocólatra, ele nunca havia me atraído muito. E logo em seguida, entendi o porque. O fudge é uma espécie de bolo doce, feito com massa bem densa. A maioria é de chocolate, mas existem outros sabores. Comprei cinco pedaços variados, mas não gostei de nenhum deles. Parece mais uma maçaroca. Porém, há quem goste, vide o quanto a loja estava lotada de pessoas para comprarem os doces.
Saindo do parque, fui para o ponto de ônibus localizado logo na entrada e segui rumo à Grouse Mountain. Para chegar ao topo da montanha, pegamos um bonde, o Skyride, que nos leva até lá. Para se ter uma ideia, é parecido com o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, mas a vista que temos é de uma belíssima floresta vegetativa canadense, da cidade de Vancouver, o oceano Pacífico e montanhas com os picos cobertos por neve.
Subindo a Grouse Mountain
Lá em cima, as atrações são inúmeras. Os que participei foram o Lumberjack Show, divertido teatro que conta com a participação dos visitantes; o Birds in Motion, linda apresentação de aves que seguem os comandos da treinadora, como uma coruja dourada subindo em postes e um Falcão Pelegrino, a ave mais veloz do mundo, dando voos rasantes próximos ao público; e o Peak Chairlift Ride, teleférico que nos leva ao pico da montanha, onde, no inverno, estão as pistas de esqui.
No alto da montanhaNo inverno, aquela montanha ao fundo vira pista de esquiPara chegar até lá, peguei o teleférico
Por fim, vivenciei o que mais gostei na montanha: ver de perto os lindos e simpáticos Grizzly Bears, dois grandes ursos que vivem nas montanhas e ficam lá no parque para divertir os visitantes. No começo, foi bem difícil vê-los, pois estavam se esbaldando na sombra das árvores. Mas, depois, eles saíram lá do meio e vieram para perto dos turistas, brincar e rolar, parecendo que estavam fazendo graça para quem os assistia. Uma experiência incrível, que compensou ainda mais aquele lindo passeio. Encerrei a tarde com um delicioso café no restaurante no topo da montanha, com vista para Vancouver.
Os brincalhões Grizzly Bears
Na volta para Vancouver, fui até o Lonsdale Quay Market, ainda na parte norte da cidade, que concentra diversas bancas de comidas variadas, como sanduíches, chinesa, saladas, frutos do mar e outras. Comi um delicioso macarrão com frutos do mar e retornei para Vancouver na balsa que atravessa o Vancouver Harbour até chegar ao Canada Place.
Lonsdale Quay Market
A linda Victoria
O dia seguinte foi uma grande surpresa para mim. Tenho uma amiga, que não via há anos, que mora em Victoria, a capital de British Columbia. Falei com ela que estava em Vancouver e queria saber se ela passaria por lá, para podermos nos encontrar. Foi então que ela me fez o irresistível convite de ir até Victoria para nos reencontrarmos e para que eu pudesse conhecer a linda cidade.
Victoria fica localizada na chamada Ilha de Vancouver, portanto, para chegar até lá, é preciso pegar o ferry, da empresa BC Ferry, que atravessa as águas do estrito de Geórgia. Mas o trajeto é longo. Primeiro, peguei um ônibus na estação Vancouver Pacific Central, que me levou até Tsawwassen, onde está o terminal do ferry. Lá, peguei, então, a embarcação (na qual os ônibus e carros também são transportados) e fiz a bela viagem que dura cerca de 1h35. Dentro do ferry, existe uma ótima estrutura com cafeteria, restaurante e um lindo deck no topo, onde passei a maior parte da viagem observando a paisagem.
A caminho de Victoria
Cheguei então em Victoria e logo encontrei com minha amiga que me esperava no terminal. Para quem não tiver uma pessoa esperando, deve-se retornar para o ônibus, que continua o trajeto até o centro da cidade. Como eu só passaria um dia lá, começamos nossa maratona cedo. A primeira parada foi no maravilhoso The Butchart Gardens, onde estão jardins de rosas, jardim japonês, jardim italiano, maditerrâneo e vários outros tantos, que nos encantam com suas cores e perfeição das flores. Um passeio tranquilo e agradável, que não pode deixar de ser feito por quem vai a Victoria.
O maravilhoso The Butchart Gardens
Importante região dos vinhos canadenses, Victoria conta com dezenas de vinícolas com simpáticos restaurantes. Fomos em uma delas, onde experimentei uma deliciosa salada de frutos do mar, acompanhada de um vinho branco canadense e, para encerrar, sobremesa de frutas vermelhas. Uma delícia para aquele belo dia de verão.
Seguimos, então, para o centro da cidade, que mais parece de brinquedo. Por lá é tudo muito lindo, limpo, organizado e cercado por construções em estilo inglês. O imponente prédio do parlamento é uma das principais atrações da cidade e forma um belo conjunto visual com o Inner Harbour, o porto de Victoria, localizado logo em frente.
Ótima anfitriã! Ao fundo, Inner Harbour e o prédio do parlamentoParlamento de British Columbia
Apesar de não ter visitado o interior do prédio, devido ao pouco tempo na cidade, ele está aberto a visitação nos dias úteis. Logo no gramado em frente, há um totem, herdado dos antigos povos indígenas que ali viveram. Completando o cenário, um dos prédios mais belos da cidade dá o toque final, o Fairmont Empress Hotel, que mais parece um castelo, bem ao estilo dos demais hotéis da rede.
Farimont, hotel que mais parece um castelo
Aproveitamos e caminhamos pelo centro da cidade, ótimo para ser percorrido a pé. Caminhamos pela Government Street, Fort Street e outras ruas nas redondezas do The Bay Centre, grande shopping center na cidade. Tomamos um sorvete delicioso e fomos até o Fisherman’s Wharf, marina onde se encontram lanchonetes, restaurantes e casas flutuantes. As casas são das mais variadas, de um e dois andares, coloridas, com varandas e floreiras na entrada. Um lugar encantador que deve ser visitado por todos que foram a Victoria.
Fisherman’s Wharf e as casas sobre a água
Também demos uma volta pelo campus da University of Victoria e pela região sul da cidade, onde estão localizados diversos bairros residenciais. Passamos ainda pelo belo castelo de Craigdarroch Castle, também aberto à visitação, e depois seguimos para a Oak Bay, um dos locais que oferecem a mais bela vista da cidade, perfeito para ver o pôr do sol. Ao final do dia, chegou minha hora de voltar para Vancouver. Peguei o ônibus no centro da cidade, que me levou até o terminal do ferry. Uma visita rápida, mas que valeu a pena e tornou minha viagem ainda mais especial.
Craigdarroch CastleLindo pôr do sol para encerrar o dia
Último dia em Vancouver
O último dia em cada cidade já bate aquele aperto, vontade de não ir embora e de aproveitar todos os segundos antes de partir. E foi isso o que eu fiz. Fechei minhas malas, deixei na recepção do hotel e fui bater perna e visitar o outro lado do Stanley Park, mais especificamente, a Siwash Rock, uma pedra de cerca de 18 metros de altura, que fica dentro da água.
Siwash Rock. Incrível!
O mais interessante é que, no topo, uma única árvore dá vida à rocha, que hipnotiza por sua beleza! Claro que tirei diversas fotos de vários ângulos. Depois voltei e fui caminhando pela Denman Street, point de diversos bares e restaurantes, entre eles, o Kingyo, um japonês sensacional, indicação da minha amiga Thaís, que visitei em Victoria! Fechei com chave de ouro a viagem naquele lugar paradisíaco!
Minha próxima parada, saindo de Montreal (também de Via Rail), foi Ottawa, a capital canadense, localizada no estado de Ontário. Engraçado é que pouco se houve falar desta cidade. Muitas pessoas, inclusive, não sabem que ela é a capital do país. Isso se deve ao fato de Ottawa ser uma cidade bem menor do que suas vizinhas Montreal e Toronto e, consequentemente, oferece bem menos opções turísticas e atrativos do que as duas. É uma cidade para ser incluída no roteiro como um adendo e não como ponto principal. No meu caso, consegui unir o útil ao agradável. Primeiro, porque eu tinha vontade de conhece-la e, como estava visitando o leste canadense, a inclui no roteiro. E segundo, consegui pegar uma passagem com pouquíssimas milhas entre Ottawa e Chicago, destino que fazia parte do meu roteiro.
Parlamento canadense
Apesar de bem menor e pacata, Ottawa é uma cidade bonita, bem cuidada e merece uma atenção de quem vai praquelas bandas. E nem é preciso dedicar tanto tempo a ela. Em dois dias, você consegue visitar as principais atrações, que são todas próximas uma à outra, o que permite que o tour seja feito a pé.
Ottawa vista da Peace Tower
Não vou negar que praticamente tudo na cidade gira em torno do parlamento canadense, o principal prédio da cidade. Belo e imponente, tem à sua frente uma torre com um relógio no topo, lembrando bastante o Big Ben londrino. E, como na capital inglesa, durante o verão, nos meses de junho e agosto, há troca da guarda diariamente. É lindo e imperdível. Todos os guardas com suas roupas vermelhas, marchando e se apresentando para a multidão que se aglomera para assisti-los.
Troca da guarda em Ottawa
Após a troca da guarda, visitei o interior do prédio do parlamento. Para isso, é preciso pegar o bilhete com antecedência na praça localizada logo em frente ao prédio, pois os passeios são feitos com hora marcada. O prédio do parlamento canadense é constituído pela House of Commons, Hall of Honor e o Senado Canadense. Também faz parte do conjunto a torre do relógio, chamada Peace Tower, onde se pode subir e ter uma bela vista da cidade, cortada pelo canal Rideau.
Interior do parlamento canadense
De lá, fui bater perna. Passei pelo belíssimo hotel Fairmont Chateau Laurier, que mais se parece um castelo.
Hotel Fairmont Chateau Laurier
Ele fica ao lado do canal Rideau, curso artificial de águas, aberto para navegação por meio de eclusas. Quando cheguei à varanda lateral do hotel, havia alguns barcos atravessando o canal e fiquei observando o funcionamento das eclusas (manuais!!!), que vão acumulando água até nivelar e permitir a navegação. Uma boa dose de paciência é exigida por quem estiver nas embarcações, porém, é bastante curioso e, com boas companhias, deve até ser divertido atravessar o canal.
Eclusas no canal Rideau
Caminhei pelo parque localizado aos fundos do Chateau Laurier, o Major’s Hill Park, de onde se tem uma bela vista do parlamento e do rio Ottawa. Depois fui até a basílica de Notre Dame, a qual merece a visita pela beleza de seu interior, com vibrantes tons azulados no teto.
Parlamento e rio Ottawa vistos do Major’s Hill Park
Peguei a Sussex Drive, uma importante rua da cidade, com belas lojas de roupas e artigos de decoração. Os prédios são todos antigos e de tijolos expostos, com floreiras nas calçadas. Logo ali atrás, está outra das principais atrações da cidade, o ByWard Market, o mais antigo mercado de produtos típicos canadenses do país.
ByWard Market
Na região, banquinhas de orgânicos, produtos feitos com mapple syrup, lojinhas de petiscos, bagels, comida japonesa e uma infinidade de restaurantes. Visitei a famosa e lotada Le Moulin de Provence Bakery, onde até Obama já provou os doces e cookies. Claro que resolvi provar também. Caso contrário, me arrependeria. E não me arrependi nem mesmo de enfiar o pé na jaca, pois é uma delícia!
Le Moulin de Provence Bakery
Mais tarde almocei no restaurante The Grand, onde comi um delicioso sanduíche de parma com salada, acompanhado de uma Molson Canadian bem gelada! A região é uma delícia para almoçar, fazer compras e andar sem rumo. Fica sempre movimentada com pessoas de todas as idades.
Pausa para a Molson Canadian
Depois fui até a loja de departamento La Baie / The Bay ver as novidades. A loja é enorme e se junta a um shopping, o Rideau Centre. Para quem está com lugar extra nas bagagens, é uma boa opção para compras, pois os preços são bem convidativos. Na sequência, caminhei um pouco pela Wellington Street, a rua do parlamento e retornei ao hotel desbravando o centro de Ottawa.
Centro de Ottawa
Mas foi à noite que tive a grande surpresa da minha visita à capital canadense. Saí do hotel com blusa de frio, pois o vento já estava mostrando seu poder, com uns petiscos na bolsa e segui rumo ao parlamento para assistir ao Mosaika.
Mosaika emociona os espectadores
Trata-se de um grande espetáculo de sons e luzes projetadas no prédio do parlamento, que contam a história do Canadá, desde a vida nos campos até a expansão das culturas. A apresentação tem narração em francês e em inglês e acontece nas noites de verão, entre julho e setembro.
Luzes do Mosaika
Foi uma excelente maneira de encerrar minha rápida passagem por Ottawa, levando comigo o gostinho de quero mais e a alegria de ter conhecido melhor aquele maravilhoso país! Ainda bem que eu ainda voltaria ao Canadá nesta mesma viagem!
Deixando Quebec com o coração nas mãos, me aconcheguei confortavelmente no vagão de trem da Via Rail e, depois de quase três horas de viagem, com belíssimas paisagens decorando minha janela, cheguei a Montreal, a maior cidade da província de Quebec e a segunda maior cidade do Canadá. Nem bem cheguei e já me deslumbrei. Aliás, se deslumbrar no Canadá é coisa fácil!
A estação fica no centro da cidade e, não coincidentemente, tem uma saída na mesma avenida do meu hotel, de modo que entre os dois locais já pude ir caminhando e contemplando a grande e movimentada Bouleverd René-Lévesque. Como de praxe, deixei as coisas no hotel e fui pra rua. Essa é a melhor parte de viajar na primeira hora do dia: poder aproveitar desde a chegada ao destino.
A bela basílica Marie Reine du Monde, na René Lévesque
A avenida Boulevard René-Lévesque é linda, com grandes e modernos prédios espelhados. Pelas ruas, gente de todo tipo, numa grande mistura de estilos. E todos sempre muito educados. O que não é de se admirar por se tratar de um país onde os impostos são todos revertidos em benefícios para a população e a educação é obrigatória até os 16 anos.
Fui andando sentido rio Saint Laurent, onde eu sabia que estavam diversos pontos turísticos, incluindo a cidade antiga. No caminho, passei pela Basílica de Notre Dame de Montreal, lindíssima, por sinal, até parecida com a de Paris, com as duas torres altas nas laterais. Mas deixei para entrar nela mais à noite, quando teria o show de luzes e sinos “And Then There Was Light”.
Basílica Notre Dame de Montreal
Continuei minha caminhada até a beira do rio, e fui andando pela rua de La Commune, visitando os “Quais”, que são espécies de piers ou portos ao longo do rio. Passei pelo Quai King Edward, onde se encontram cinema e centro de ciências; depois pelo Quai Jacques-Cartier, onde fui completamente atraída pelo aroma vindo de um food truck que vendia cookies logo ali em frente, o Monsieur Félix & Mr. Norton Gourmet Desserts. Quem me conhece sabe da minha paixão por esses biscoitos. Não resisti e comprei logo o combo com seis sabores variados, incluindo de chocolate, castanhas, caramelo, chocolate amargo e outros tipos de chocolates! Sem explicação. Fiquei tão entretida com meus biscoitos que a gula acabou me desviando e, quando percebi, já estava no próximo Quai, o Quai de l’Horloge, o mais interessante deles.
O famoso e delicioso cookie!
Lá, passei por um parque lindo, onde crianças brincavam e remavam barquinhos pelo lago. Me assentei para deliciar mais um cookie e ficar admirando a vista e uns barcos enormes, lotados de gente, que ficavam dando peões pela água, com a música no último volume – passeio para os mais animados, que não se importariam de se molhar naquela manhã de vento frio, o que não era o meu caso!
Rio Saint Laurent e, ao fundo, a Torre do relógio
Continuei minha caminhada até a Torre de l’Horloge, com um grade relógio no topo, a qual foi construída em 1921 como parte da área portuária da cidade. Ela fica localizada à beira do rio e pode ser visitada por quem se dispuser a subir os 192 degraus. Na subida, podemos ver o funcionamento do relógio e, lá no alto, um pequeno espaço cercado por grade nos permite uma linda vista dos piers com barcos e lanchas ancorados, além de avistarmos parte da cidade antiga, os grandes prédios de Montreal e a Ilha de Saint Hélène.
Montreal vista do alto da torre do relógio
De lá, segui para a cidade antiga, caminhando pela charmosa rua Saint Paul. Não deixe de visitar o Marché Bonsecours, que reúne salas de exposições, restaurantes e lojas com artigos em pedras, vidro, couro, tricot, além de souvenirs. Mas calma! Os preços lá fora são melhores.
Marché Bonsecours
Continuei a caminhada pela rua e cheguei à parte onde somente é permitida a passagem de pedestres. Uma delícia! Uma infinidade de bares e restaurantes com mesas nas calçadas, lojas de roupas, artigos esportivos, souvenirs, hotéis, galerias de arte.
Rue Saint Paul, em Vieux Montreal
A praça Jacques Cartier cruza a rua Saint Paul. O local, sempre animado, é ponto de encontro de artistas de rua, jovens e turistas.
Praça Jacques Cartier
Ao fundo, pode-se avistar o belo prédio da prefeitura de Montreal, com sua bela arquitetura que chama atenção de quem visita o local. O prédio pode ser visitado com guias e vale a pena devido à beleza de seu interior.
O belo prédio da prefeitura de Montreal
Fiquei por ali, em Vieux Montreal, até mais tarde. Nesse meio tempo, me juntei a uns grupos de jovens e turistas que assistiam à apresentação de um cantor na praça Jacques Cartier, entoando músicas dos Beatles, Janis Jopplin, The Police, entre outros músicos que adoro! A essa altura, a fome já havia batido e optei por experimentar o típico poutine, porção de batatas fritas cobertas com queijo derretido e molho gravy, um espeço molho de carne. Uma delícia, mas as porções costumam ser bem grandes.
Pagando de gatona em Vieux Montreal
Mais tarde, voltei novamente pela Notre Dame de Montreal para assistir ao show “And Then There Was Light”, atração imperdível para quem visita a cidade. A visita à Notre Dame à noite vale a pena até mesmo para quem não quiser entrar para o show, pois, ela fica toda iluminada por fora!
Notre Dame iluminada
No dia seguinte fiquei por conta de conhecer o centro de Montreal. Comecei visitando o Quartier Chinois, vulgo China Town de Montreal. E foi um dos mais organizados que já vi, no entanto, tem bem menos lojas e quinquilharias do que os demais por onde passei. Um pórtico, é claro, recebe os visitantes, que sempre acabam caminhando pela feirinha de rua com produtos baratíssimos.
Pórtico no Quartier Chinois
Continuei até a Rua Saint Catherine, uma das principais de Montreal, importante centro comercial para a cidade, com lojas das mais diversas, restaurantes variados, shoppings, teatros. Nela também havia uma área onde somente pedestres podiam passar. Isso é feito durante o verão, quando os canadenses preferem ficar nas ruas aproveitando o sol, enquanto que, na maior parte do ano, é o frio que predomina no leste canadense.
Rua Saint Catherine
Foi pela rua Saint Catherine que entrei no Complexe Des Jardins, mal integrado à cidade subterrânea. Apesar de ter maior movimento durante o inverno, ela está sempre movimentada, com pessoas indo e vindo, chegando e saindo do trabalho, fazendo compras ou simplesmente passeando. A cidade subterrânea de Montreal constitui o maior sistema de vias subterrâneas para pedestres do mundo, com mais de 30 km de extensão. A gente chega a se perder, pois entramos por uma rua, atravessamos de um lado para o outro e quando procuramos uma saída, saímos em outra rua, já distante daquela pela qual entramos. Isso é, no mínimo, divertido! Procurei a saída que pelo Museu de Arte Contemporânea de Montreal, o qual já aproveitei para visitar.
Cidade subterrânea
Saindo novamente pela rua Saint Catherine, continuei subindo e visitando as lojas, incluindo a La Baie, uma enorme loja de departamento canadense, bem no estilo estilo da americana Macy’s ou da inglesa Harrods. Em seguida, voltei pelo outro lado da rua até chegar a Rue Saint Denis, repleta de barzinhos com as fachadas coloridas, música alta, mesas nas calçadas e muita gente conversando por todo lado. Parei para tomar um belo de um café e repor as energias para perambular pelo Quartier Latin, a região cult de Montreal, onde se concentram estudantes, teatros, livrarias, bibliotecas e brechós.
Lindas construções no Quartier Latin
O terceiro dia em Montreal reservei para visitar um lugar maravilhoso que eu havia visto em um cartão postal em uma loja de souvenir na cidade velha! O L’Oratoire de Saint Joseph du Mont Royal, uma bela basílica católica localizada no ponto mais alto da cidade.
L’Oratoire de Saint Joseph du Mont Royal
Para chegar até lá, peguei o metrô e desci na estação Côte des Neiges. O local é simplesmente maravilhoso e, ao entrar na basílica, uma grande sensação de paz tomou conta de mim. A inauguração da basílica foi em 1924. Lá está o coração do Irmão André, que construiu a basílica em homenagem a José de Nazaré, a quem ele credita todos os milagres alcançados em sua vida.
O imponente L’Oratoire de Saint Joseph
Fiquei lá por um tempo ,e depois, novamente de metrô, fui até o Estádio Olímpico de Montreal, próxima da estação Viau. Lá foram realizadas as Olimpíadas de 1976.
Estádio Olímpico de Montreal
O belo estádio conta com uma grande torre, onde os visitantes podem subir no elevador inclinado e ter uma linda vista da cidade. Logo ali perto, do outro lado da rua, está o Jardim Botânico de Montreal, o qual não visitei, mas creio que valha a pena!
Voltei para o centro e caminhei por diversas ruas até chegar à base do Mont Royal, onde fiz uma caminhada respirando ar puro, até retornar às redondezas do meu hotel. Por fim, fui até a rua próxima de onde estava hospedada, a rue Crescent, que é repleta de bares e restaurantes, procurei meu lugar ao sol e, claro, tomei uma bela cerveja canadense para me despedir daquela deliciosa viagem e me preparar para o próximo destino: a capital canadense, Ottawa!
Rue Crescent
Ahhh, e já ia me esquecendo: em Montreal é como em Quebec. O francês é predominante na grande maioria dos locais, mas, nas partes turísticas, o inglês é bastante falado, apesar de um sotaque carregado por grande parte dos nativos. Sendo assim: au revoir, Montreal!
Saindo de Toronto, peguei um voo para Québec, pela companhia WestJet. No voo, me assentei ao lado de uma canadense, da região de Alberta, que estava indo visitar os familiares que moram em uma cidadezinha perto de Quebéc. Havia muito tempo que ela não ia por lá, então não soube me dar muitas dicas. Acabamos conversando sobre nós, eu contando um pouco sobre o que faço no Brasil e ela me contando dos filhos dela, espalhados mundo afora. Sylvia era seu nome. Simpática, educada, receptiva, fez com que o voo, de 1h15, passasse sem eu perceber. Ela me contou que em Québec a “maioria esmagadora” das pessoas fala francês, mas, como se trata de uma cidade muito turística, o inglês é arranhado por muitos nas regiões mais movimentadas.
Quebec vista de La Citadelle
Chegamos a Québec já tarde, por volta das 21h30 e, sendo assim, já não havia mais transfer do aeroporto para o centro, uma vez que ele só funciona até às 16h. Então, minha única opção foi pegar um táxi até minha pousada, que ficava localizada na avenue Chemin Sainte-Foy (pronúncia que logo tratei de aprender, caso eu precisasse dizer aonde estava hospedada). O taxista foi falando o tempo todo, contando que é indiano (claro) e que mora em Québec há mais de 20 anos.
Cheguei à pousada e a porta principal estava aberta. Logo na entrada havia uma mesinha, onde se encontrava um envelope com meu nome. Lá dentro, um guia da cidade, dicas de restaurantes, drogarias e lojas de conveniência na região, instruções de como chegar ao centro histórico, regras da pousada e a chave do meu quarto. Tudo conforme combinado com o dono da pousada. (Vale aqui um parênteses: um dia antes de ir para Québec, pedi que o Cris, meu noivo, que mora na Califórnia, ligasse para lá para se certificar de que o local realmente existia e confirmar minha reserva, devido ao pequeno trauma da minha chegada a Toronto. Informaram a ele que estava tudo ok, mas que a recepção fechava às 21h, portanto, eles deixariam o envelope com todas as instruções para mim. E exatamente assim foi feito). A pousada é uma graça! Super arrumadinha, organizada e limpa! O quarto, bem confortável! Me ajeitei e já estava ansiosa pelo dia seguinte. Gosto de chegar cedo às cidades, pois fico louca para conhecê-las logo. Mal chego e já vou para a rua. Mas, daquela vez, não foi possível.
O dia seguinte amanheceu nublado e chuviscando. Então, tomei meu café da manhã no hotel com o máximo de tranquilidade para ver se o clima melhorava um pouco. E não é que melhorou? Logo fui para a rua. Mesmo sabendo que a distância até o centro histórico era um tanto quanto grande, resolvi ir andando, para conhecer a área residencial da cidade.
Avenida Grande Allée
Peguei a avenida Grande Allée e fui seguindo por ela até chegar ao Parc des Champs-de-Bataille, onde entrei e continuei caminhando sentido leste, até ele se transformar no parque Plains of Abraham. O parque é enorme, com grande área verde, de onde temos uma bela vista do rio São Lourenço, ou Saint-Laurent, nome em francês.
Vista do rio Saint Laurent
Cheguei então à La Citadelle, museu localizado entre as muralhas que cercavam a antiga cidade. O ingresso pode ser comprado na hora, na bilheteria logo na entrada do museu. Daí, é só ultrapassar as muralhas e explorar a antiga cidade.
La Citadelle, cidade murada
Primeiramente construídas pelos franceses no século 17, para impedir a invasão das tropas britânicas, as muralhas foram parcialmente destruídas na Guerra Franco-Indígena. As atuais foram construídas entre 1820 e 1831 e lá permanecem até hoje, preservadas pelo patrimônio canadense. Como o dia havia mudado e o céu estava azul, haveria a troca da guarda. E posso me considerar uma pessoa de sorte, pois cheguei lá logo no começo da cerimônia e, se não tivesse ido naquele dia, não iria mais, pois nos outros dias a chuva não deu trégua.
Ao ver uma troca da guarda, o que não via desde 2011, fiquei emocionada! Não apenas pela beleza e pela perfeição de cada movimento dos guardas, mas porque me lembrou Londres e a nostalgia me consumiu. Após a cerimônia, temos a opção de fazer o passeio guiado por La Citadelle. As pessoas são divididas em grupo e cada um tem seu guia, que vai contando a história do local e de cada construção em seu interior. De lá, temos uma vista linda da cidade antiga e do belíssimo hotel Chateau Frontenac. Impredível! Minha guia era uma piada! Nos contou detalhes de tudo, tirou dúvidas e brincou com todos nós. Tornou o passeio ainda mais agradável.
De lá, fui caminhando até a praça da Assembléia Nacional, onde está o Parlamento de Quebec, um belo prédio em estilo francês, que traz em sua fachada 22 imagens de homens e mulheres que fizeram parte da história de Quebec. Um pouco à frente do prédio, tem uma bela fonte, a Fontaine de Tourny, de onde se tem uma linda visão panorâmica do edifício. Caso você queira, pode fazer a visita pelo interior do prédio. Como eu queria muito chegar a Vieux Quebec, acabei deixando pra depois… e, por fim, acabei não voltando até lá.
Parlamento de Quebec
Desci então pelo Pórtico Sain Jean e desci a Rue Saint Louis e, finalmente, cheguei à Vieux Quebec. Fiquei atônita com tanta beleza. Sem exageros! O centro histórico é simplesmente maravilhoso. Parece que estamos entrando em uma pintura.
Vieux Quebec
Cheguei até a entrada do Chateau Frontenac, que é de tirar o fôlego, sem dúvidas, a mais bela construção da cidade, e fiquei admirando o prédio. Dizem que se trata do hotel mais fotografado do mundo. E, diante dele, entende-se porque!
Chateau Frontenac
Logo ali em frente, está o Terrace Dufferin, um varandão com banquinhos espalhados por toda a sua extensão, de onde se tem uma bela vista da cidade baixa (Basse Ville).
Terrace Dufferin
Fiquei andando por lá por um tempo e, depois, fui descendo pela Côte de la Montagne até a cidade baixa. Outra opção para descer é pegar o Funiculaire, uma espécie de elevador, que desce o morro de forma rápida e confortável. Mas preferi ir andando até me deparar com uma linda escadaria, que nos leva à principal rua da região: a Petit Champlain.
Rue Petit Champlain
Por ela, passam apenas pedestres e ela é emoldurada por diversos restaurantes, bistrôs, lojinhas com fachadas coloridas e escadas de ferro. Artistas ficam se apresentando e pessoas passam sempre por nós degustando os doces feitos com Maple Syrup, com gostinho de Canadá. Trata-se de um xarope que é extraído de uma árvore, a que tem aquela folha que ilustra a bandeira canadense. Claro que também fui até a La Petite Cabane à Sucre, experimentei e adorei, apesar de muito doce.
Maple Syrup
Basse Ville
Caminhei pela cidade baixa por um tempo – em poucas horas é possível percorrê-la a pé -, e depois subi novamente. Fui explorar um pouco mais a Vieux Quebec e procurar um lugar para almoçar. Caminhei pela Rue de Buade, onde visitei a belíssima Notre Dame de Quebec. Como em todas as outras igrejas que visito pela primeira vez na vida, fiz meu pedido!
Notre Dame de Quebec
Depois desci pela Côte de la Fabrique e cheguei a Rue Saint Jean, a área comercial da Vieux Quebec. A rua fica super movimentada o tempo todo, com pessoas fazendo compras, almoçando ou simplesmente, passeando.
Rue Saint Jean
Entrei em todas as lojas possíveis, inclusive as de souvenirs, com cada coisa mais linda. Os preços em Quebec não são dos mais atrativos, não. Para encontrar coisas que valham muito a pena comprar, é preciso caminhar muito! Até que vi umas peças de roupas bem interessantes com bons preços, mas não me arrisquei naquele momento, pois ainda tinha muito o que caminhar!
Nesse entre e sai de lojas, descobri uma repleta de itens super interessantes, a Magasin Général! Fiquei horas lá dentro olhando tudo e rindo de algumas peças divertidas. Depois fui até o Casse Crepe Breton, uma aconchegante creperia, onde matei minha fome e minha sede de cerveja! O preço é justo e o atendimento ótimo! Tudo isso localizado na Rue Saint Jean.
Rue Saint Jean
Continuei a caminhada até o pórtico da Rue Saint James e cheguei ao Palais Montcalm, um belo teatro da cidade. Logo ali em frente está o Le Cabaret du Capitole, outro espaço destinado a shows. Pelo letreiro na porta, o nível é altíssimo, com covers de Queen, Johny Cash e Elvis.
Naquele dia, estavam dizendo que o dia seguinte seria chuvoso. Então, ao invés de voltar ao hotel de ônibus, optei por ir caminhando pelo lado contrário da cidade. Fui pela própria Saint James, que, mais adiante, se transforma na rua do meu hotel. Passei então por belas casas, comércios, escolas, hospitais, academias, até chegar ao meu ‘lar doce lar’, onde apaguei no mesmo segundo que encostei na cama para repor minhas energias para o dia seguinte.
Amanheceu e, bingo! Chuva. Como já tinha percorrido os principais pontos de Quebec, resolvi voltar para buscar as peças de roupas interessantes e souvenirs que eu havia visto no dia anterior.
Base Ville vista de Vieux Quebec
Mesmo com chuva, o movimento na cidade é intenso. Porém, o frio estava tomando conta de Quebec. Foi preciso entrar em uma loja e comprar um casaco um pouco mais pesado e impermeável. O preço, meio salgadinho, mas também comprei uma peça excelente! Ah, e comprei também uma sombrinha!
Vento, frio e chuva não me fizeram desanimar
Agora sim, a chuva não era empecilho para mim também. Passei pelos pontos que mais gostei novamente e fiquei perambulando sem rumo por Quebec. Ah, coisa chata, hein?
Surpresas pelo caminhho
Depois, aproveitei o final de tarde para descobrir como eu chegaria até a estação de Quebec no dia seguinte, de onde seguiria viagem para Montreal. Como sempre, localizei facilmente o trajeto que faria e os meios de transporte que usaria, com a ajuda de um simpático senhor canadense.
Mais tarde a chuva deu uma trégua e resolvi enfrentar a pequena fila que havia na frente de um bar que troquei olhares no dia anterior, o Pub Saint Alexandre. Consegui uma mesa na calçada e fiquei por ali na companhia de uma cerveja canadense com appetizers, vendo o tempo passar.
Pub Saint Alexandre
À noite, já deitada na minha cama, fiquei pensando se um dia teria a oportunidade de voltar a Quebec. Já estava com saudade sem nem mesmo ter saído de lá!
Se tem um lugar que eu sempre quis conhecer, esse lugar é o Canadá! Isso porque sempre ouvia falar da organização, educação das pessoas, qualidade de vida como sendo uma das melhores do mundo. Então, planejando uma visita aos Estados Unidos, onde minha primeira parada seria New York, pensei: essa é a hora de realizar o sonho e conhecer esse maravilhoso país. Então, como incluiria o Canadá na viagem, ainda no Brasil entrei com o pedido de visto (que é bem simples e você pode fazer sozinho – em breve farei um post contando sobre esse processo), montei meu roteiro, comprei as passagens e reservei os hotéis. Programei começar minha viagem pelo Canadá por Toronto, que fica a apenas 1h30 de voo de NY.
Bom, agosto chegou, fui para NY e, de lá, voei para Toronto, em um voo operado pela Air Canada, que, diga-se de passagem, é uma excelente companhia. O voo foi super tranquilo e, rapidamente, aterrissava em solo canadense.
Imigração ok, fui procurar onde pegaria o ônibus que me levaria até a estação de metrô Kipling. Já tinha pesquisado como ir do aeroporto ao centro de Toronto antes de sair de NY e, como o aeroporto é muito afastado, optei pela dobradinha ônibus + metrô (além do mais, adoro conhecer os meios de transporte públicos dos lugares que visito. Ao menos, até o dia em que eu for à Índia). Logo de cara, vi como os canadenses são, realmente, muito educados e solícitos. Mais do que em qualquer outro lugar que já visitei. Do nada alguém olha para você e diz: ‘Have a nice day’! Isso faz o dia de qualquer pessoa bem melhor!
Desci na estação College, já na rua da minha pousada, que ‘ficava’ na Carlton Street. Essa palavra – ficava -, assim, no passado e entre aspas, nunca teve um significado tão intenso. Fui andando até o endereço da pousada e, chegando lá, me deparei com uma casa em obras. Isso mesmo. Latas de tinta, maquinário, pintores e nada de móveis e nem sinal de pousada. Entrei na casa e perguntei para onde eu deveria me dirigir, imaginando que se tratava apenas de uma reforma. Me deu pena da cara que o rapaz me olhou. Com essa mesma cara, ele me disse que havia comprado a casa há dois meses e não fazia ideia de como poderia me ajudar. (Um minuto de silêncio…). Pena mesmo ele deve ter sentido de mim, pois, a única frase que ele conseguia dizer era: I’m chocked’. A essa altura, já me perguntava até que ponto os canadenses eram mesmo assim, tão gentis, educados e, neste caso, confiáveis.
Diante dessa situação, só me restou manter a calma, apesar das batidas aceleradas do coração, e procurar um novo hotel para me hospedar. Lembrava de, no trajeto da estação de metrô até a pousada fictícia, ter visto algumas opções. Fui ao primeiro deles, no qual tinha vaga para as quatro noites que eu ficaria em Toronto. Contei minha situação para a recepcionista, que ficou horrorizada por não terem me avisado do fechamento da pousada. Ela ainda tentou entrar em contato por telefone, mas o número já não existia mais. A recepcionista foi tão atenciosa comigo, que, mesmo se o valor da estadia no hotel fosse o triplo do que eu pagaria na pousada (sorte que o pagamento seria feito no momento do check-in), eu ficaria lá! Então, já achando todos eles gentis novamente, fui para meu quarto, por sinal, excelente, e, em pouco tempo, já tinha esquecido o estresse inicial e parti para a rua. Não sem antes reservar com o concierge do hotel um passeio a Niagara Falls para o dia seguinte. Acho que, após o susto da chegada, queria passar um dia sem precisar pensar e planejar nada, me dando ao trabalho de apenas seguir as instruções de um guia turístico.
Meu lindo e tão sonhado quarto
Pronto, pernas para que te quero, Toronto. A duas quadras do meu hotel ficava a rua Yonge Street, uma das principais da cidade e considerada por muitos a mais longa rua do mundo, com 1.930 quilômetros. Lá é onde se vê de tudo e de todos. Centenas de lojas e restaurantes para todos os gostos e bolsos. Pessoas vindas dos quatro cantos do mundo subindo e descendo. Lojinhas de souvenirs, de roupas, de bugigangas, artistas de ruas se apresentando. No cruzamento com a Dundas Street você se depara com uma ‘mini Times Square’, com dezenas de telões de LED e um agito incrível.
Yonge Street
É lá também que está a entrada principal para o Eaton Centre, um enorme centro de compras que cresce para baixo do solo. A maior parte do mall é subterrânea, devido ao frio nos dias de inverno. Lá há uma enorme praça de alimentação, com opções de pratos de todo o mundo.
Eaton Centre
Saindo do Eaton Centre, continuei descendo a Yonge Street sentido lago Ontario. No trajeto, fui admirando a bela e moderna cidade, passando pelo Financial District, com predominância de aço e concreto e ruas congestionadas. Por todo o percurso, gente apressada e turistas encantados, tirando fotos de cada esquina. Atravessei a Front Street e cheguei a Waterfront, que beira o lago Ontario. Lá é possível pegar um barco para passear pelo lago ou então visitar as Toronto Islands, pequenas ilhas interligadas onde se encontram parque de diversão, zoológico e outras atrações. Não animei de ir até lá, pois, além da enorme fila predominantemente formada por crianças, preferi percorrer a Waterfront a pé, conhecendo cada cantinho daquela cidade que já havia me conquistado. Parques, trilhas, marina, pista de corrida (obaaa!) e bike, bares e restaurantes fazem do local o ponto mais agradável de Toronto, principalmente no verão e com dias ensolarados.
Waterfront
Urban Beach com a CN Tower ao fundo
Outro ponto a favor do passeio em Waterfront é a vista constante da principal atração da cidade, a CN Tower, torre mais alta do Canadá, com 553 metros, e que perdeu o título da mais alta do mundo (considerando a antena no topo) em 2010, para a Canton Tower, na China, e, posteriormente, em 2012, para a Tokyo Sky Tree, no Japão. Não resisti e fui até lá para aproveitar a vista de dia e à noite, já que eram 19h e o céu ainda estava claro. Comprei meu ingresso e subi. Caso você vá ao 360 Restaurant, que fica lá no topo, não é preciso pagar para subir, no entanto, é preciso fazer reserva com antecedência. Caso não vá ao restaurante, deve-se comprar o tíquete.
A imponente CN Tower
A diversão começa no elevador panorâmico, que sobe 346 metros em 58 segundos. Lá em cima as atrações continuam. Você pode admirar Toronto em 360º pelas amplas janelas de vidro ou pelo terraço cercado por grade, onde o vento é intenso, te deixa descabelada (mulheres, prendam as madeixas!) e te faz andar mais rápido ou mais devagar dependendo da sua direção. Eu adorei e achei que estava participando de uma propaganda de shampoo!
Lake Ontario visto da CN Tower
Descabelada
Há ainda o chão de vidro, que dá muuuuita aflição no começo, mas logo se torna inevitável tirar milhares de fotos, deitar, filmar, caminhar e até pular.
Superando a aflição no chão de vidro
Para os mais corajosos, o Edge Walk é o grande desafio. Trata-se de uma caminhada ao ar livre, na beiradinha da torre, onde as pessoas ficam presas por um cabo de aço, sem apoio para as mãos, e circulam o topo da CN Tower. A aventura é feita em grupos de até seis pessoas e dura cerca de 30 minutos. Para isso, é pago o ingresso à parte. Confesso que fiquei tentada a me aventurar, cheguei a iniciar a compra do ingresso, mas, no último segundo, fui sensata e decidi ter a certeza de que desceria da CN Tower sã e salva, pois ainda tenho muitos retalhos do mundo para costurar, né?
Há quem encare o Edge Walk
Por fim, a CN Tower tem ainda o Spin, que te leva ao ponto mais alto da torre. Independente de ir ou não a todas essas atrações da torre, esse é um passeio imperdível para quem visita Toronto. A vista é linda, com prédios, ilhas, lago Ontario e um maravilhoso por do sol. Quando as luzes da cidade se acendem então, fica ainda mais lindo.
Vista noturna de Toronto
Me deixei levar pela beleza do visual e, quando me dei conta, já eram 21h30 e me peguei pensando em como voltaria para o hotel, já que o trajeto era consideravelmente longo para uma mulher percorrer a noite e sozinha. Pensei em pegar um ônibus, mas, ao chegar à rua, vi várias pessoas andando e fui caminhando também, até chegar a uma praça e ouvir risadas de uma multidão. Com meu faro jornalístico e curiosa ao extremo, claro, fui até lá para ver qual o motivo da graça. Havia um cinema ao ar livre! Uma enorme tela em plena praça. O filme, lançamento do ano: “As patricinhas de Beverly Hills”! Mas o ambiente estava tão agradável, que me juntei aos telespectadores. Centenas de pessoas assentadas em cadeiras e no chão, com lanches e bebidas, aproveitando uma agradável noite de verão (nesta época do ano, os canadenses ficam o máximo de tempo nas ruas para aproveitarem as raras altas temperaturas). Após o filme, às 23h30, continuei calmamente minha caminhada em pleno centro de Toronto, pensando se algum dia será possível fazer isso no Brasil.
Burburinho da Yonge Street
Niagara (Falls, região e on-the-Lake)
No dia seguinte, às 8h45, lá estava eu na recepção do hotel pronta para ir a Niagara Falls. O concierge havia dito que o dia seria lindo e, realmente, estava! Como era eu e eu mesma, o motorista da van da agência King Tours ((http://www.kingtours.ca/) sugeriu que eu fosse no banco da frente. Acabei aceitando o convite para ir fazendo mil perguntas sobre a cidade e sobre Niagara Falls, além de ser mais uma oportunidade para ‘improve my English’! Papo vai, papo vem, ele me contou a história dele: de Sri Lanka, já morou na Alemanha, tem amigos no Brasil e vive há 15 anos em Toronto, com vontade de voltar para a Alemanha e não sair de lá nunca mais. Também contei um pouco sobre mim, o que faço, minhas viagens, a vida no Brasil (que, claro, escondi boa parte dos podres, né? Para os estrangeiros, temos sempre que destacar o lado bom!).
Vinícola em Niagara
Fui admirando o trajeto de 1h30, mas que conta com algumas paradas pelo caminho. A região de Niagara é o berço dos chamados ‘icewines’, vinhos feitos com uvas colhidas durante o inverno, quando os vinhedos estão cobertos por neve. São vinhos tintos, rosè, brancos e espumantes. Então, o tour incluiu uma parada em uma vinícola, a Pillitteri Estates Winery, onde aprendemos um pouco sobre a bebida e fizemos degustação do tinto e do branco, ambos mais doces do que o vinho normal (um perigo!). São cerca de 80 vinícolas na região e todas elas muito bem estruturadas, com lojas, tours guiados e restaurantes que trabalham com menus harmonizados. Não deixe de experimentar as frutas locais, todas orgânicas e muito saborosas. Melhor pêssego que já comi na vida! Elas sempre ficam à venda em lojinhas na beira da estrada e nas vinícolas.
De lá, nossa próxima parada foi na cidade mais fofa do Canadá. Isso mesmo, eles próprios a definem como The Prettiest City in Canada! Niagara- on-the-Lake (assim, com hífen) parece ter sido tirada de um conto de fadas. Localizada na junção do rio Niagara com o lago Ontário, a cidade é minúscula, com uma avenida principal, que conta com a linda Torre do Relógio ao centro, e outras ruelas cortando-a, sempre emolduradas por lindos jardins.
Niagara-on-the-Lake
As casinhas, todas pequeninas, antigas e bem cuidadas, dão lugar a lojinhas, hotéis, restaurantes, lojas de artesanato e produtos locais e as tentadoras docerias, que nos atraem pelo aroma ao passar na porta. Eu mesma fui atraída pela cheesecake de chocolate com peanut butter da Niagara Home Bakery, acompanhada por um belo café expresso (ô, saudade!). Nas ruas que cortam a avenida principal estão as casas dos moradores, igualmente lindas e bem cuidadas. Nossa passagem por lá foi rápida, pois ainda tínhamos muitas atrações pela frente. Mas vale uma visita com mais calma à região, que já está no meu caderninho de lugares que pretendo voltar!
Niágara-on-the-Lake
Depois, fomos rapidamente ver o Relógio de Flores, já em Niagara Park. É lindo, feito em meio a belas e bem cuidadas flores, com grandes ponteiros. Mas nada estonteante. Logo em frente, mais bonito do que o relógio é a vista que temos do rio Niagara, sendo a margem oposta território americano.
Relógio de Flores
Mais uma vez, voltamos para a van. Meu lugar no banco da frente já estava ocupado por uma senhora e então, fui obrigada a encontrar um lugar lá atrás. Agora estávamos a caminho das falls, atração principal do passeio, a qual eu já estava ansiosa para ver logo. A meu lado havia um rapaz, que, percebendo que perdi meu local privilegiado na van, puxou assunto. Acabamos ficando amigos e fazendo o passeio juntos, o que foi ótimo, pois ficaríamos em Niagara Falls por 2h30 e, como a cidade é minúscula, ter uma companhia para ficar por conta do à toa foi ótimo!
Ah sim! Cidade! Niagara Falls não é apenas o nome do conjunto de cataratas. É também o nome de uma cidade que fica, literalmente, às margens das quedas. E tal localização, logo ali, ao lado das cachoeiras, tendo as falls como pano de fundo, me deixou impressionada. Sempre que ouvia falar em Niagara Falls, imaginava que elas fossem em meio a um grande parque, cercadas por árvores e que fosse preciso fazer uma caminhadinha para chegar até lá. Nunca tinha me dado ao trabalho de olhar no Google Maps ou de pesquisar mais a respeito da região. E, quando cheguei e vi uma mini Las Vegas, fiquei atônita. E percebi que muitas pessoas tiveram a mesma reação que eu. A cidade de Niagara Falls é bem moderna, repleta de cassinos, restaurantes, pubs, parques infantis e hotéis. Ou seja, criaram-na ali aproveitando a grande vocação turística do local, assim como Vegas em meio ao deserto. Para mim, foi a descoberta do ano!
Vista privilegiada dos moradores de Niagara Falls
Bom, no nosso tour podíamos escolher uma entre as duas opções de passeio para ver as falls de perto. Uma delas é o Maid of the Mist, um enorme barco que percorre o rio em direção às quedas d´água e a outra é o Behind the Falls, que você passa a pé por trás das cataratas.
Por sugestão da maioria das pessoas, optamos pelo Maid of the Mist. Como ele vai bem perto das quedas, recebemos uma capa de chuva, pois não tem como sair de lá seco. O barco, de dois andares, vai bem cheio e, claro, fomos lá em cima, na parte descoberta e bem na beirada, para que pudéssemos ter uma vista privilegiada. Mas demos sorte de sermos os primeiros da fila para entrar no barco, pois, assim, pudemos escolher a melhor localização. O percurso é bem rápido, leva apenas 20 minutos, mas o suficiente para encharcarmos. Por isso, atenção com as câmeras fotográficas e celulares.
Antes mesmo de entrarmos no barco, já sentimos os respingados em nossa pele, tamanha a força da água caindo. O passeio começa indo próximo às cataratas americanas e de Bridal Veil, que são as quedas mais retas, onde podemos apreciar a beleza da queda com 323 metros de largura. De lá, já seguimos para em direção à queda canadense, a mais curvada e com queda mais forte, a qual conta com 792 metros de largura. É chegando ali que começa a ‘tempestade’. Essa é a sensação que temos. É incrível ver a força da natureza tão de perto. A água cai e já evapora, formando uma nuvem enorme em frente à catarata. Depois o barco dá meia volta e retorna ao deck, o qual já está com uma enorme fila formada para o próximo passeio.
Passeio no Maid of the Mist
Mesmo com a capa de chuva, todos saíram de lá com os pés encharcados. Bom que o dia estava bem quente e ensolarado, o que em um minuto fez com que os pés estivessem secos novamente. Mas quem se importa com isso, não é? Afinal, é Niagara Falls!
Subimos e fomos caminhar pela cidade. Passamos pela Centre Street, que é uma espécie de mini Las Vegas misturada com mini Hollywood, com muitas luzes e vitrines de lojas coloridas, lanchonetes e restaurantes. Mas tudo é uma diversão. O Burger King, por exemplo, conta com um enorme Hulk na fachada. Há também o MGM Studios Plaza, com o grande leão dourado na MGM nos dando boas vindas. Há o Guinness World Records Museum, do conhecido Guinness Book, que apresenta alguns dos recordes mundiais; o Movie Lands, museu de cera com bonecos dos artistas e uma série de outras atrações. Um prato cheio para crianças. Um pouco mais distante dali, há ainda uma outra atração interessante, à qual não fui, mas me bateu um arrependimento depois: o Skylon Tower, prédio que oferece a vista panorâmica mais alta das cataratas.
Fachadas divertidas em Niagara Falls
Como a cidade é bem pequena, o passeio foi rápido e optamos por comer algo em um pub, o Jack’s Cantina, esquina da Cantre Street com a Ellen Avenue, onde experimentei mais uma cerveja canadense, a Alexander Keith’s Pale Ale. Uma delícia, com sabor de trigo. A essa altura, eu já achava que minha língua pátria era o inglês. Meu amigo falava muito rápido e, algumas palavras eu fingia que entendia e, assim, a conversa fluiu.
Já quase na hora de voltar para a van, caminhamos pelo Queen Victoria Park, localizado na avenida Niagara Parkway, que beira o rio Niagara, onde se localizam as falls. Fui até a beirada admirá-las pela última vez e retornamos para Toronto.
À noite, já com fome, procurei por um lugar para comer e experimentar novas cervejas canadenses. Acabei encontrando, por acaso, um ótimo pub que não pode deixar de ser visitado por quem for a Tortonto. Chama C’est What? e fica na Front Street, quase na esquina com Church. A entrada é bem pequenina, pois ele fica no subsolo. Com luzes baixas e mesas de sinuca, é frequentado por pessoas que moram na cidade. O interessante é que o bar produz suas próprias cervejas, que trazem nas receitas ingredientes como café, chocolate, laranja, gengibre. Vale a pena assentar no balcão, fazer amizade com os atendentes e ir pedindo sugestões de quais experimentar, caso não tenha pique para encarar todas elas.
Por fim, hora de dormir e recuperar as energias para mais um dia nessa incrível cidade.
Front Street, perto do pub C’est What?
Let’s explore Toronto
No dia seguinte à minha ida a Niagara Falls, foi a vez de visitar o Queen’s Park, que recebeu esse nome em homenagem à rainha Victoria, do Reino Unido. Fui caminhando pela College Street, onde se encontram diversos hospitais e clínicas de saúde, até chegar à University Avenue. De lá já avistei o belo prédio do parlamento de Ontario, datado de 1892, o qual fica no meio do parque.
Parlamento de Ontario
Uma das mais agradáveis áreas da cidade, é lá também que fica a Universidade de Toronto, ou U of T, que concentra faculdades, hospitais e centros de pesquisas. No campus pode-se e deve-se entrar para admirar a arquitetura dos edifícios, em estilos neogóticos e românicos, construídos entre 1858 e 1929. O mais bonito deles é o principal prédio da Universidade, que abriga a Univesity College. Logo ao lado está um memorial em homenagem aos alunos mortos nas Guerras Mundiais. Quando passei por lá, alunos jogavam beisebol, aproveitando a bela manhã de sol.
Belo edifício da U of T
Saindo do campus, segui para a parte de trás do parlamento, onde encontra-se a maior área verde do Queen’s Park. Como era verão, pessoas aproveitavam para assentarem à grama para descansar, ler um livro. Algumas corriam e outras, como eu, caminhavam sem rumo, observando como é agradável aquela cidade. Seguindo pela Avenue Road, passei pelo Royal Ontario Museum, o principal da cidade, que detém coleções de diversos objetos divididos em paleontologia, mineralogia, zoologia, geologia, sem contar com as antiguidades, arte europeia e história canadense.
Royal Ontario Museum
Saindo do museu, cheguei à Bloor Street, no bairro Yorkville, uma das mais movimentadas de Toronto, que abriga uma série de empresas canadenses e lojas de grife, lugar perfeito para quem gosta de comprar. Lá estão marcas como Prada, Louis Vuitton, Gucci, Chanel. Mas há também opções para quem prefere gastar menos e comprar mais, como H&M, Nike, American Apparel, Forever 21, e outras. Na rua há ainda uma série de galerias de arte que merecem ser visitadas, assim como cafés com varandas viradas para as calçadas, ideais para repor as energias e assistir ao desfile de modas pela via movimentada.
Bloor Street
Voltando para a Younge Street, desci até a Front Street e fui visitar o St. Lawrence Market, nomeado pela National Geographic o melhor Mercado de comida do mundo. E não é para menos. Pelos seus corredores é tarefa difícil resistir a tantas tentações.
Há opções tanto para quem quer comprar alimentos frescos para preparar em casa, como verduras, legumes, carnes, orgânicos, laticínios, quanto refeições para serem deliciadas na hora, no terraço ao redor do antigo edifício. São vários sanduíches, pizzas, bolinhos de caranguejo, fish and chips, sushi, doces e mais uma infinidade de comidas de dar água na boca. Não deixe de experimentar os bagels da banca St. Urban Bagel Bakery. Minhas opções foram o de blueberry e o de cream cheese puro, em pão multi-grãos. Deliciosos!
Bagels – difícil escolher um só!
Depois da minha visita ao St. Lawrence Market, fui caminhando pela Front Street até a Parliament Street, onde cheguei a uma das áreas mais interessantes de Toronto: Distillery Historic District. Antiga região da cidade, lá funcionava uma destilaria, a Gooderham and Worts Distillery, fundada em 1832 e considerada a maior do mundo no final dos anos 1860.
Distillery District
Mais de um século depois, após a área ter sido abandonada, foram construídos dois condomínios residenciais e a região foi revitalizada. Hoje, o local está repleto de lojas de designers, artesanatos, galerias de arte, cafés e restaurantes, onde se pode entrar apenas pedestres, o que a torna uma região super agradável para um passeio no final da tarde ou para curtir a noite ao som de bandas que se apresentam ao vivo. E o local é lindo, com os prédios vitorianos mesclando tijolos alaranjados e ferro fundido. Claro que não resisti e passei boas horas da minha tarde por ali, olhando o movimento e experimentando uma gelada Molson Canadian, uma cerveja larger bastante saborosa, comum no Canadá, como as nossas Brahma e Skol. Depois continuei experimentando-a em diversas outras ocasiões agradáveis como aquela no Distillery! 😉
Distillery e sua antiga decoração
Próxima parada: Queen Street. Uma muvuca sem fim no cruzamento com a Yonge. Porém, quando cruza a University Avenue, chega à parte mais bacana, o fashion district, onde se pode encontrar lojas de todos os estilos, que vão do alternativo até as de marcas conhecidas, porém, com preços mais acessíveis, diferentemente da Bloor Street. Com certeza, caminhando pela rua você irá encontrar algo que é a sua cara. Isso sem contar com a infinidade de bares descolados, cafés e afins.
Cruzamento da Yonge com a Queen Street
Na ida para o hotel, senti fome. Mas não queria mais comer comida chinesa, massa e, muito menos, sanduíche, o que fiz questão de manter de fora da minha alimentação de férias em países norte americanos. E não é que, do nada, senti uma enorme curiosidade de entrar em um supermercado em frente ao meu hotel, chamado Loblaws. Foi a melhor coisa que fiz! Para quem mora em Belo Horizonte e conhece uma rede chamada Verde Mar, pode ter uma breve ideia do que estou falando. Digo breve, pois trata-se de um Verde Mar três vezes melhor, no quesito variedade. Lá se vende de tudo, fresquinho, orgânico, além dos produtos de um mercado comum. Fiquei um pouco perdida. São diversas baias de comidas preparadas na hora: pizza, sanduíche, massas, saladas, japonês, frios, etc. Você se serve e paga pelo quilo. Fiquei com a salada. Mas prometi a mim mesma que, no dia seguinte, voltaria para experimentar uma massa e sushi. Também levei para comer mais tarde um pote de iogurte grego com berrys, que é como países de língua inglesa se referem à frutas como blueberry, strawberry, cramberry e blackberry. Um achado e tanto, logo na frente do meu hotel. Fui embora feliz da vida, descansar da maratona de caminhada do dia e descansar ao máximo, pois, o dia seguinte seria meu último dia inteiro em Toronto, e a saudade já começava a bater.
Delícias do Loblaws
O sábado amanheceu com um sol incrível e um clima super agradável e fui então fazer o que eu tinha prometido: correr em todas as cidades que eu visitasse na viagem! Coloquei minha roupa, meus tênis (que faziam sucesso por onde eu passava, devido às tantas cores em um único calçado!), e fui embora, rumo à minha corridinha de Toronto. Desci até Harbour Front e comecei a corrida do Terminal do Ferry.
Lake Ontario visto de Harbour Front
Passei por toda a beira do Lake Ontario, seguindo pela Lake Shore Boulevard. Pude ter cada vista linda de Toronto, que valeu cada quilômetro corrido! Costumo dizer que, correndo, podemos conhecer lugares que, caminhando, certamente não conheceríamos, pois não iríamos até lá simplesmente andando.
Presente da corrida: essa linda vista
Depois voltei até a Younge Street, quando resolvi seguir até o Chinatown, antes de chegar a meu próximo destino: o Kensington Market. Apesar de não ser fã dos bairros chineses, é sempre interessante conhecê-los! E não é que o de Toronto me surpreendeu? Um dos mais organizados e limpos de todos, com diversas lojinhas como o de todos os outros, daquelas que vendem de tudo a preços baixíssimos.
Chinatown torontoniano
Mas passei mesmo só para dar uma olhada e segui para o Kensington Market, o bairro que reflete a diversidade cultural de Toronto. O lugar é completamente despojado, com banquinhas espalhadas pelas ruas, que vendem produtos de diversas partes do mundo. Brechós, quitandas de frutas e verduras, lojas de itens para caça e pesca, açougues e até mesmo lugares onde é permitido fumar maconha (apesar de não vender a erva, pois no país o consumo é proibido).
Kensington Market
A região é frequentada por hippies, estudantes, rastafáris e todas as tribos. Saindo da rua principal, onde se concentram as lojas, dei uma volta pelo bairro, também com casas em estilo vitoriano, apenas para conhecê-lo e adorei a região.
Bairro repleto de ruas agradáveis
Porém, minhas pernas já não tinham mais forças para andar e era hora de ir para o hotel, organizar minha bagagem, pois, no dia seguinte à tarde, eu já mudaria de ares novamente. Ah, o Loblaws foi parada obrigatória antes de ir para o hotel! Quero esse supermercado para mim!
Na manhã de domingo, fiz meu check out e fui despedir de Toronto. Passei pela Casa Loma, um museu construído em um castelo em estilo neo-romântico, o qual serviu de residência para um financista no começo da década de 1910. Hoje, são mantidos os cômodos da antiga “casa”. Porém, como meu tempo era curto, preferi não entrar e fui me despedir do meu local favorito em Toronto: Harbour Front, onde escolhi um restaurante com varanda voltada para o Lake Ontario e pedi uma Molson para fechar com chave de ouro. Por fim, subi a Yonge Street calmamente, pensando se as outras cidades que eu visitaria me surpreenderiam tanto quanto Toronto me surpreendeu! Mas já era hora de dizer: Québec, aí viu eu!