
Quase sempre que vou ao Brasil, viajo de Copa Airlines. Vários são os motivos: faço apenas uma rápida conexão entre SF e BH (3h ou 4h); a companhia é super pontual; nunca tive problemas com extravio de bagagem, cancelamento de voo (claro que antes da quarentena, né?), mudanças de horário, etc.; a tripulação é extremamente educada e atenciosa e os preços são, quase sempre, os melhores.
Porém, ultimamente, tenho voltado do Brasil nos voos da madrugada de domingo, o que me faz ter que passar oito ou 12 horas no Panamá. No primeiro momento, confesso que fiquei com preguiça, pois queria chegar logo em casa. Mas, pensei bem, e me dei conta de que, finalmente, seria a minha oportunidade de conhecer, ao menos um pouquinho, daquela cidade bonita que eu sempre avistava pela janela do avião. Fiz estas conexões longas com passeios pela cidade por duas vezes e conto aqui como foi cada uma delas.
Visita guiada pela Cidade do Panamá
Na primeira vez, ainda marinheira de primeira viagem, optei por comprar um passeio guiado no guichê do aeroporto de Tocumen. Paguei $65 por um roteiro de cinco horas com outras cinco pessoas. O passeio é feito em uma van que percorre os principais pontos turísticos da cidade e faz um rápido pit stop em locais de interesse, como o Canal do Panamá e Casco Viejo. Porém, não gostei muito desta opção, pois, as demais pessoas que estavam na van comigo não quiseram pagar para visitar o canal e acabei tendo que fazer aquela entrada à jato, somente para ver a vista, sem nem mesmo poder assistir ao filme que conta a história daquela incrível construção. Saí de lá com aquela sensação de que nem fui. Mas ok! Seguimos adiante.
De lá, passamos por um mercadinho, bem “inho” mesmo, de produtos artesanais, com 50 barraquinhas vendendo os mesmos produtos pelos mesmos preços. Então, nem perca seu tempo rodando. Compre seu souvenir ali na barraca da porta mesmo e ganhe tempo em outros lugares. Fomos depois dar uma volta pela baía, onde fica este letreiro ‘Panamá’ e um shopping com lojas duty free(porém, com preços infinitamente mais caros do que aqui nos EUA). Paramos na rodovia Amador, de onde se tem uma linda vista de toda a cidade e seus arranha-céus. Lugar lindo e gostoso para uma boa cmainhada para aqueles que forem com mais tempo.

Em seguida, demos uma volta de carro por Casco Viejo, a cidade antiga que, diga-se de passagem, foi a parte que mais gostei. É lá que fica o famoso Mercado de Mariscos, onde paramos rapidamente e eu, sem titubear, me atraquei em um bowl de ceviche feito com pescado do dia. Maravilhoso! Mas o mercado fica bem cheio e não tem um aspecto muito limpo, apesar de valer a visita. Por fim, passamos pelo centro financeiro, bem moderno e limpo e, boom: de volta ao aeroporto de Tocumen.
#FicaADica: para quem não quiser fazer visitor a cidade mas quiser sair um pouquinho do aeroporto sem gastos extras, o aeroporto tem um serviço de shuttle que leva os passageiros a um shopping, o Metromall, que fica ali pertinho, cerca de 10 minutos. O shopping é bem bacana, com boas lojas e uma grande praça de alimentação. Eu ainda tive tempo de ir lá conhecer após meu roteiro guiado pela Cidade do Panamá.
Cidade do Panamá no meu ritmo e de Uber
Já na minha segunda longa conexão na Cidade do Panamá optei por fazer os passeios por minha conta, assim poderia ir aonde quisesse e ficar o tempo que quisesse, afinal, minha conexão era de 12h.
#FicaADica: sempre lembrem de computar o tempo das conexões, incluindo imigração, raio-x, transporte e possíveis imprevistos que podem acontecer. Eu sempre tiro umas 4h para tudo isso, portanto, eu tinha 8h livres!
Sai rapidinho do avião, passei pela imigração e já chamei um Uber no local destinado à transporte compartilhado no aeroporto de Tocumen. Minha primeira parade foi no Canal do Panamá.
Para se ter uma ideia, paguei $22 pela viagem de uns 35 minutos. Já o tíquete de entrada em Miraflores, incluindo o ingresso para o cinema, custa $15. Vale desatacar que o filme é exibido com horário marcado, então, já procure saber se há alguma embarcação passando pelo canal e se há tempo hábil de ir ao deck de observação antes do filme começar ou se é preferível fazer o inverso. Eu dei sorte de chegar lá bem na hora em que um navio cargueiro estava passando. É incrível ver o funcionamento das eclusas e como tudo é calculado com tanta precisão. Levou cerca de 30 minutos para que o cargueiro passasse por lá e seguisse viagem sentido ao Atlântico.

Em seguida fui assistir ao documentário “Panamá Canal – a land divided a world united” que, em 45 minutos de duração, conta a história do canal desde quando o projeto foi idealizado até a recente ampliação e o funcionamento das esclusas. O filme é narrado pelo incrível Morgan Freeman. Vale cada minuto!
Casco Antiguo, o melhor cantinho da cidade
Saindo do canal, peguei outro Uber até Casco Antiguo ($5.5 pela rápida viagem), onde passei a maior parte do meu tempo.
O distrito, protegido pela Unesco, é formado por construções coloniais e ruas de tijolinhos bem estreitas, as quais me lembraram bastante cidades históricas brasileiras, como Ouro Preto, Diamantina e Tiradentes, com a diferença de que Casco Viejo está localizado em uma península que adentra o Pacífico. Várias ruelas nos levam até a beira do mar, onde a brisa e aquele cheirinho do oceano nos fazem querer passer o restante das horas ali, contemplando…
Casco Antiguo é onde está o burburinho. Restaurantes e bares com mesinhas na calçada ou nos rooftopsacolhem os turistas, que se protegem do sol forte debaixo dos ombrelones, enquanto degustam um ceviche acompanhado de uma cerveja ou um mojito bem gelado.
Nas ruelas, dezenas de lojas de artigos artesanais atraem os turistas loucos pelos coloridos souvenirs e, claro, pelo famoso chapéu do Panamá que, apesar de ter origem equatoriana, pode ser encontrado por toda a esquina e com preços de $15 a $800!
Casco Antiguo é uma aérea bem pequena, então é possível, em poucas horas, caminhar por todas as ruelas, visitar a Catedral Metropolitana e as igrejinhas de belas fachadas do século XVII, entrar em várias lojinhas e caminhar por parte da Cinta Costeira.
Como da primeira vez eu já havia ido ao Mercado de Mariscos, desta vez optei por sentar em um simpático restaurante que me deparei no caminho, Finca del Mar. Ambiente super agradável, com balanços na bancada do bar, mesinhas ao ar livre e música latina ao fundo, não resisti! Decidi repor minhas energias ali mesmo. Sentei sozinha no bar e, claro, pedi um ceviche e uma cerveja panamenha gelada, a Atlas, bem suave e saborosa.
Nas poucas horas que me sobravam, peguei mais um Uber e fui até Panama Viejo ($4.5), onde ficam as ruínas da Cidade do Panamá original, que foi abandonada em meados do século XVII e substituída pela nova cidade, hoje conhecida como distrito histórico. No sítio arqueológico, estão ruínas de uma cidade que, por 152 anos, sobreviveu a rebeliões de escravos, incêndios e terremotos. A parte mais bacana é a torre da cathedral, onde podemos subir e ter uma bela vista de Panama Viejo e, ao fundo, os modernos arranha-céus. A entrada custa $15 e pode-se percorrer o local a pé ou de shuttle. Como a maioria das ruínas são bem próximas umas das outras, desci de shuttle até a cathedral e fui subindo a pé de volta.
De lá, já era hora de voltar para o aeroporto ($9.2 de Uber do Panamá Viejo ao aeroporto) e seguir viagem até a Califórnia. E olha, essas duas conexões foram ótimas por dois motivos: o primeiro foi dar aquela quebrada na deprê que rola sempre que estou voltando do Brasil. O segundo foi me deixar com gostinho de quero mais. O Panamá é um país muito bonito, de natureza exuberante, praias tanto no Pacífico quanto no Atlântico, comida deliciosa e povo prá lá de simpático. Quem sabe meu próximo pit stopserá de alguns dias ao invés de poucas horas?
#FicaADica: brasileiros visitando o Panamá devem ter em mãos o cartão de vacina contra a dengue e, sim, me pediram para vê-lo em minhas duas visitas. E não, não precisamos de visto!