Londres: segundas impressões (saindo de casa)

O segundo dia da minha viagem caiu em uma segunda-feira (3/1), primeiro feriado do ano em Londres. O motivo: dia 1º de janeiro foi sábado e a folga foi ‘jogada’ para segunda-feira (vai entender… depois são os brasileiros que não gostam de trabalhar). Mas como um feriado nunca é demais, me encapotei e aproveitei para fazer o reconhecimento da minha nova cidade. Peguei o 38 (ônibus, ok?) logo cedo e fui assentada no primeiro banco do segundo piso, para reconhecer o trajeto que, de terça em diante, faria parte da minha rotina. Eu achava que os ônibus de dois andares fossem poucos, somente alguns que tivessem sido preservados. Mas não! A maioria deles são assim, vermelhinhos, double deck! Demais! Eles são equipados com uma tela que vai apontando em qual ponto você está e qual é a próxima parada, ao mesmo tempo em que uma voz vai anunciando pelo alto-falante. E os pontos de ônibus, todos eles com nome, também têm uma telinha que mostra em quanto tempo seu ônibus vai chegar. Coisas de primeiro mundo, né?

Islington Green

Desci no ponto Bloomsburry Way, pertinho da minha escola, e já a identifiquei, em frente à Bloomsburry Square. É um prediozinho de cinco andares, bem espremidinho entre as outras construções. Peguei o 38 de novo e desci em Piccadilly Circus. Achei o máximo! Fiquei andando por lá, entrando em todas as ruazinhas, olhando todas as vitrines e fazendo fotos. Parei em uma banca e perguntei como chegava até o Big Ben. Nesse exato momento, começou a cair uma neve fininha, que deixou meu cabelo úmido e o casaco preto cheio de pontinhos brancos. Mas a neve não foi muito além daquilo. Então, fui descendo pela Regent Street, passei pelo maravilhoso St. James Park, atravessei o prédio Horse Guards (sede de dois comandos do exército e onde se iniciam as trocas da guarda do Palácio de Buckingham) e cheguei à avenida Whitehall, de onde já é possível avistar o relógio mais famoso do mundo!

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Ao chegar aos pés da Tower Clock, hoje denominada Elizabeth Tower, torre onde estão localizados o relógio e o Big Ben (engana-se quem pensa que Big Ben é o nome do relógio. Este é o nome do sino, produzido em 1858 e instalado no Palácio de Westminster, durante a gestão do ministro Sir Benjamin Hall, que tinha apelido de Big Ben), fiquei olhando para cima até ouvir a primeira badalada,  Cheguei à beira do rio Tâmisa, atravessei a Westminster Bridge e fui até a London Eye, a enorme roda gigante, que está sempre com uma grande fila de pessoas, interessadas em dar a volta de 30 minutos para avistar toda a cidade. Deixei para depois. Ainda teria muito tempo para isso. Entrei no Country Hall Entertainment, onde há várias lanchonetes, o London SeaLife Aquarium e bilheterias para diversas atrações espalhadas pela cidade.

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Fiquei andando sem rumo e sem direção. O bom é que em Londres não se consegue ficar perdido. Quer dizer, consegue, mas seria uma proeza. Há estações de metrô e pontos de ônibus por toda parte, onde logo conseguimos nos localizar. Basta uma rápida estudada no mapa o Tube para se familiarizar e dominá-lo!

Depois subi novamente a Regent Street, atravessando o Piccadilly e continuando na mesma rua, um dos principais centros de compras de Londres, onde se concentram inúmeras lojas de roupas, acessórios, cafés e restaurantes. Ela chega à Oxford Street, outra rua comercial, com ainda mais butiques, lojas de departamentos e diversas outras de souvenirs. Porém, eu ainda estava com aquela sensação de “não conheço bem a cidade” e terminei o meu ‘walking tour’ por volta das 15h, quando começou a escurecer. Queria chegar em casa antes do começo da tarde dar lugar à escuridão da noite. Bobeira a minha, pois alguns dias depois, vi que aquilo não fazia a menor diferença. As ruas continuavam lotadas, com aquele vai e vem de gente.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA Oxford Street

Chegou terça-feira, meu primeiro dia de aula. Acordei bem animada e fui para a Malvern House, minha escola de idiomas. Estava curiosa para conhecer meu professor e os colegas, de várias partes do mundo. Fui de ônibus (levava uns 40 minutos de casa até lá) e, quando cheguei, fui localizar a minha sala. Normalmente, nestas escolas, as aulas começam sempre às segundas-feiras. Ou seja, toda segunda você ganhará novos colegas e perderá outros, ou por estarem mudando de nível ou por estarem finalizando o intercâmbio.

Logo na chegada, me apresentei na recepção e participei de um introdutório, para conhecer as regras da escola, a equipe, os cursos oferecidos, a estrutura e a área onde está localizada. Na sequência, já vamos para a aula. Meu professor, apesar de ter uma aparência totalmente diferente da maioria dos ingleses, era britânico, mas filho de pais nascidos no Sri Lanka, país asiático, localizado ao sul da índia. Por isso a aparência indiana. A primeira coisa que ele nos pediu foi para que os novos alunos se apresentassem ao restante da turma, dizendo o nome e de onde vínhamos. Até aí, tudo bem. De repente, ele começou a aula, conversando com todos os alunos na maior naturalidade, como se fôssemos todos ingleses. Daí em diante, parei de entender o que ele dizia. Fiquei completamente perdida. Meus colegas riam de alguma coisa e eu ria junto, mas não por ter entendido a brincadeira e sim pela situação em que eu me encontrava. Os exercícios e textos que ele passou eu consegui fazer tranquilamente e também conseguia conversar com meus colegas, vindos da Venezuela, México, Japão (nossa, o que são os japoneses falando inglês? Um sotaque, no mínimo, divertido), Tailândia, Itália, entre outros países, incluindo o Brasil, claro! Sempre tive, ao menos, um colega brasileiro em minha sala. Mas isso é em qualquer lugar do mundo! Estamos por toda parte (assim como os indianos em Londres).

IMG_1280 Pluralidade em sala de aula

Ao final da aula, chamei meu professor e informei a ele que minha aula havia sido uma negação, uma vez que não tinha entendido nada, além do ‘hi’ e do ‘bye’. Perguntei a ele sobre o resultado do teste de inglês feito via internet, se era mesmo adequado ao nível indicado, que havia sido o avançado, e perguntei se não seria o caso de começar pelo intermediário. Ele me respondeu bem devagar, pedindo um pouco de paciência e um prazo de uma semana para que me acostumasse com o sotaque.  “Isso é comum para vocês que estão acostumados com o inglês americano”. Ok! Uma semana e nada mais.

No dia seguinte, voltei e… nada! No terceiro, já estava quase desistindo. No quarto, desisti. Pronto. Aquilo foi a gota d’água para que eu desanimasse totalmente da minha viagem. Pensava em várias questões: não consigo entender meu professor; 15h já é noite e bate uma deprê violenta; o pessoal da minha casa só trabalha; meus colegas são estranhos. No quinto dia fui à escola e me informei sobre como cancelar parte do meu curso para voltar ao final do primeiro mês. Mas, ao comentar com minha família e alguns amigos, todos me fizeram pensar mais friamente e esperar um pouco mais. Aquele era um sonho que eu estava realizando e não podia jogá-lo fora assim, tão rápido. Ok! Vou esperar mais alguns dias.

O sábado já tinha chegado. Estava há uma semana em Londres, sempre indo à aula pela manhã, dando voltas pelo centro até às 15h e casa. Então, era hora de aproveitar o final de semana. Saí cedo para conhecer uma famosa região de Londres e uma das minhas favoritas: Covent Garden! O local, também no centro, é lindo! Vários prédios de tijolinhos laranja, que dão lugar a lojas de roupas e calçados, além de cafés e pubs. Logo no centro da região, uma bela praça, a Covent Garden Piazza, que abriga o Covent Garden Market, onde se concentram restaurantes, lojas e bancas de artesanato e flores. Isso sem contar com as diversas performances artísticas realizadas dentro e fora do mercado. Também é em Covent Garden que está o London Transport Museum, que mostra toda a trajetória do transporte na cidade. São tantas atrações, que passei o dia todo por lá!

IMG_1361 Covent Market

Em seguida, fiz minha primeira parada em um pub! O O’neill’s, localizado próximo a Leicester Square. Experimentei a primeira pint (copo de 568 ml de cerveja) de Guinness, a famosa cerveja irlandesa, escura e forte, ideal para o inverno (e para o verão também). De repente, o lugar encheu e uma banda de rock começou a tocar. Lá pelas tantas, fui para o piso superior, onde existe uma boate. O lugar que, à primeira vista parece pequeno, é bem grande e muito animado!

Para ir embora, lá pelas 3h, fui para o ponto de ônibus e fiquei tranquilamente esperando-o passar. Diferentemente do Brasil, não há perigo algum em pegar ônibus de madrugada. Como o metrô fecha às 24h, este é o meio de transporte mais utilizado durante a noite.

Já no dia seguinte, fui para Camden Town, este sim, meu local favorito em Londres. O bairro é totalmente alternativo e repleto de mercados, que vendem livros, comida de vários países, roupas, antiguidades e itens bizarros. Lá se vê gente de todas as tribos e estilos. Uma variedade cultural incrível. É também onde estão os melhores pubs da cidade, na minha opinião. Novamente, passei o dia por lá, perambulando sem rumo e sem pressa.

IMG_6857 Camden Town

Na segunda-feira, tudo iniciou novamente. E, como comecei a ver o que Londres tem de melhor, já tinha desistido de desistir. Até o ‘British accent’ do meu professor se tornou mais claro e entendível para mim. Realmente, era necessário me adaptar àquele som, ‘aprender a ouvir’ e ir para as ruas conversar com os nativos e demais moradores daquela incrível cidade.

Na mesma semana, peguei um barco pelo Tâmisa e fui a Greenwich, fui até a Tower Bridge, experimentei o English Breakfast com meus colegas de sala, descobri que kebab era meu prato favorito, conheci os demais moradores da casa, fui a uma festa em Shoreditch, descobri uma grande amiga dentro da minha própria casa, organizei minha primeira viagem para fora de Londres. As coisas entraram nos eixos e aquela era minha cidade, de onde eu já não queria voltar mais!

Londres: primeiras impressões (chegando em casa)

Como já contei no post anterior, em 2011 tornei o sonho de morar fora, e em Londres, realidade! E hoje vou contar sobre as minhas primeiras impressões da cidade, capital da Inglaterra e da Grã-Bretanha.

Fui de mala e cuia para Londres no dia 31 de dezembro de 2010. Embarquei com um misto de sentimentos, que envolvia, além da prévia saudade da família e de tantas outras pessoas queridas, ansiedade, emoção, empolgação e adrenalina por estar indo rumo ao desconhecido e totalmente sozinha! Ninguém estava indo comigo, não conhecia ninguém na cidade, nunca tinha ido à Europa e nunca tinha morado fora!

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Meu voo foi para Portugal, pela TAP (à qual não tenho crítica alguma. Um voo comum, num avião comum, serviço de bordo comum. Mesmo porque fui de classe econômica, e não poderia esperar nada de mais!). Mas, por sorte, não tinha ninguém nas duas poltronas ao meu lado, então, me senti na minha cama!

Era noite de réveillon, mas como eu estava no meio do Atlântico, não sei dizer aonde e nem em qual fuso horário comemorei a virada de 2010 para 2011. Aliás, nem posso dizer que comemorei, pois eu estava apagada, assim como todos os demais passageiros. Foi só de manhã, quando o piloto disse que dentro de alguns minutos pousaríamos em Lisboa, que vi que já era 2011. Acordei e fiquei observando a bela capital pela janelinha do avião. Lá de cima deu para ver direitinho o Monumento aos Descobridores e a Torre de Belém. Pena que só vi mesmo do alto! Bom motivo para voltar ao Velho Mundo.

Minha conexão foi bem rápida e logo peguei meu próximo voo, destino: Londres! Um friozinho na barriga e, às 11h30, lá estava eu, aterrissando em Heathrow, o terceiro aeroporto mais movimentado do mundo. Ele é enorme, com cinco terminais, e, quando desembarcamos, não temos a menor noção do tamanho total do aeroporto, pois todos os terminais ficam bem distantes uns dos outros. É como se fossem cinco aeroportos de Confins em um só. Porém, é extremamente bem sinalizado, não tem como se perder (grande medo de quem tem fobia de aeroporto).

heathrow Vista aérea de Heathrow

Integrando meu pacote, havia o transfer aeroporto/casa, que me pegaria no desembarque e me levaria até minha casa, localizada na zona 2 de Londres (a cidade é dividida em zonas, sendo que a zona 1, a ‘garrafinha deitada’, é o centro, onde estão as principais atrações turísticas. Ao redor, vem a zona 2, e assim por diante, como mostra o mapa abaixo).

london_zonas Mapa de Londres

Encontrei o responsável pelo transfer e entrei na van, que transportava mais um brasileiro, o qual passaria um mês na cidade. Fomos conversando e observando a paisagem da janela. Estrada perfeita, sem buracos, e algumas árvores no caminho. E andava, andava, andava. As poucas palavras que o motorista dizia, eu o pedia para repeti-las, pois nunca tinha tido contato com o inglês britânico, que é bem diferente do americano, devido à pronúncia e à entonação. Um som nasalado, super estranho, mas lindo!

Quando fomos chegando próximo à cidade, comecei a ver os prédios de tijolinhos laranja, todos iguais, e logo comecei a me perguntar como que as pessoas se localizam por lá. Pior: como eu iria me localizar por lá. Mas logo afastei o pensamento e continuei observando os outdoors iluminados pela autoestrada, que, de repente, se tornou uma rua movimentada com uma imponente construção à esquerda, que me chamou atenção. Perguntei o que era: o Natural History Museum. Uau! Ma-ra-vi-lho-so. Claro que eu voltaria ali, isto é, se soubesse como chegar. Não sei por que, mas estava com um medo de não conseguir me locomover por lá e ficar perdida. Mas depois vi que era apenas uma insegurança inicial.

Islington - Angel

Perguntei ao motorista quem seria deixado em casa primeiro e ele disse que seria o rapaz brasileiro, que se hospedaria em Piccadilly. Como já conhecia o local do ‘vuco-vuco’ de Londres por completo, via Google Street View e ‘zilhares’ de pesquisas na net, sabia que era próximo ao Big Ben, mas logo o motorista me disse que não passaríamos por lá. Ficou para a próxima… mas andamos bem por algumas ruas do centro.

Era sábado, 1º de janeiro, ou seja, pleno inverno londrino (apesar de que eu ainda não tinha tido tempo de sentir o clima, pois fui do saguão do aeroporto para o carro). O céu já estava bem escuro, como se fossem 17h30, no Brasil. Mas ainda eram 12h30. Várias lojas estavam abertas, mesmo sendo feriado. Muita gente caminhando e luzes de Natal presas no alto dos prédios, cruzando as ruas. Logo, saímos do centro e fomos passando por ruazinhas, todas idênticas, e com mercadinhos por todo lado. Uns 40 minutos depois, sem trânsito, chegamos! Fiquei bem impressionada de imaginar o tamanho da cidade, pois, se do centro à zona 2, que são bem próximos, gastamos todo esse tempo, imagina quem mora na zona 6?

O bairro que morei chama-se Hackney, região leste de Londres. É um bairro bem simples, de pessoas bem simples. Você certamente já ouviu falar nele, pois foi lá que houve a maioria dos confrontos entre jovens e policias, ocorridos em agosto de 2011 (um mês após meu retorno), em que vândalos saquearam e quebraram lojas, incendiaram ônibus e fizeram um caos total em bairros da região leste e até mesmo em cidades vizinhas. Apesar disso, enquanto eu estive lá, não vi um problema sequer. Muito pelo contrário. As ruas eram bem tranquilas!

Rushmore Road Minha rua – Rushmore Road

Bom, cheguei à minha casa e, ao descer do carro, tive o primeiro contato com o friiiio. Nossa, de doer os ossos! Mas nem ouso reclamar, porque confesso: eu amava todo aquele gelo, com sensação térmica de -6°C. Todos os moradores ainda estavam acordando (por causa da noite de réveillon que, pelo visto, foi muito boa. A cozinha estava uma bagunça sem fim!). Então, ia conhecendo-os aos poucos. A maioria era brasileiro, pois a agência de viagem é daqui. Mas havia pessoas da Lituânia e da Colômbia.

Fiquei na sala, com minhas malas e conversando com alguns deles, até que meu quarto fosse liberado. Nesse meio tempo fui recebida por uma pessoa da Casa Londres, agência que administra casas para estudantes, e fui até um mercadinho próximo à minha casa para fazer as primeiras compras emergenciais. Ainda eram 15h30, mas o céu já estava escuro, como noite. Tal mercadinho, por nós denominado ‘turco’, por pertencer a uma família turca (tem aos montes por lá), vende de tudo! Desde sorvete a água sanitária! Um quebra-galho incrível! Na calçada, ao lado de fora da loja, ficam frutas, verduras e legumes. E o mais engraçado: a loja não tem porta! O turco mesmo dizia: “Can you see? I don’t have door!”, ao nos informar que fica aberto por 24h!

turco Turco – salva vidas

Voltei para casa e me organizei em meu novo canto. Tinha uma colega de quarto, que me ajudou demais nos primeiros dias, me informando que, para ir ao centro ou à escola, eu pegaria o ônibus 38; a estação de metrô (lá, mais conhecido como Underground ou Tube) mais próxima era a de Bethnal Green. Me contou que, para descobrir como chegar a qualquer lugar em Londres, seja de ônibus, tube, Overground, Underground, barco ou bicicleta, era só acessar o site do Transport for London. Os supermercados Tesco e Sainsbury’s eram os mais próximos e vendiam bons produtos de marca própria e com ótimo preço; o Iceland era ótimo para comprar pratos congelados. A geladeira e os armários da cozinha eram repartidos pelos moradores; e várias outras dicas da cidade e regras da casa. Ela trabalhava o dia todo, então, mal nos víamos! Mas dei uma sorte grande de tê-la como colega de quarto!

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No dia seguinte, fui ao Tesco fazer uma compra maior, dei uma volta pelo centro de Hackney, fiz o meu Oyster (cartão que dá acesso a ônibus e metrô, o qual pode ser carregado de acordo com sua necessidade) e, em casa, fiquei organizando meu armário. Ainda estava me sentindo a estranha no ninho…

Bom, por enquanto, é isso! As segundas impressões virão no próximo post! Aguardem…

A escolha do intercâmbio

Hoje venho contar um pouco sobre o que pesou na minha escolha pelo destino do meu intercâmbio. Sempre tive esse sonho, mas nunca tinha parado para organizá-lo, seja por falta de oportunidade ou do momento certo, mas nunca por falta de vontade.

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A maioria das pessoas costuma fazer este tipo de viagem cedo, por volta dos vinte e poucos anos, ou antes. Mas, no meu caso, fui aos 29. Alguns podem achar que fui tarde demais, mas não. Fui no momento certo e hoje sei que não há idade para viver novas experiências. E o bom é que fiz tudo por mim mesma, corri atrás de cada centavo, cada detalhe, para fazer com que esse momento fosse perfeito. E foi.

A primeira coisa que levei em consideração foi o meu objetivo com o intercâmbio: melhorar minha fluência em inglês. E, sempre que pensava em intercâmbio, pensava na Europa, mais especificamente, em Londres. Mas tinha um inconveniente: o alto custo de vida na capital britânica. Todos me falavam que lá é tudo caríssimo, uma das cidades mais caras do mundo. Muitas pessoas também me falavam que as mulheres brasileiras não são muito bem vistas por lá. E isso começou a me deixar um tanto quanto preocupada, pois não pretendia trabalhar durante a viagem para completar minha renda. Queria somente estudar e aproveitar ao máximo, sem outras obrigações. E também não queria sofrer preconceitos por ser brasileira. Mas não me deixei abalar e comecei a fazer pesquisas em agências de viagens (e, com o tempo, percebi que aquelas informações não se passavam de intriga da oposição).

Tinha em mente ficar quatro meses fora. Mas meu sonho pareceu ir por água abaixo quando fui a duas agências fazer orçamento. Somente o valor cobrado pelo programa (curso + passagem aérea + 4 semanas de estadia) era quase o total do que eu pretendia gastar com toda a viagem, incluindo moradia, alimentação, transporte, passeios, compras e tudo mais. Os custos exorbitantes me deixaram super desmotivada. Mas não desisti e continuei pesquisando. Foi então que pensei em um segundo destino: Dublin, na Irlanda, bem pertinho de Londres. Pesquisei muito sobre a cidade, o país, o custo de vida e fiz orçamentos. Realmente, bem mais baratos do que os primeiros. Então, quando estava quase decidida em ir para Dublin, me dei conta de que não estava fazendo a escolha certa, pois eu não estava feliz com minha decisão. Sabe aquela coisa de “não era isso que eu queria…”?

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Voltei a pesquisar sobre agências que levam estudantes para Londres e descobri, pela internet, uma agência do Rio Grande do Sul, chamada Egali Intercâmbio. Como iria sozinha, fui buscar mais informações com pessoas que já tinham viajado pela agência e encontrei no Facebook e no Orkut (olha aonde fui parar) pessoas que tinham ido, adorado e a recomendavam.

Um dos diferenciais que me chamou bastante atenção, é que a agência oferece estadia por todo o período da viagem, por meio das chamadas Egali House. No caso de Londres, eles têm parceria com uma empresa, a Casa Londres, que aluga e administra casas para estudantes por tempo indeterminado. Normalmente, as demais agências vendem pacotes em que os alunos ficam cerca de quatro semanas em casa de família e, durante esse período, devem procurar outro lugar para morar da quinta semana em diante. Outras possibilidades são as casas de estudantes oferecidas pelas escolas. Mas nenhuma das duas opções me atraia. Já ouvi falar muito sobre pessoas que tiveram problemas nas casas de família. Por mais que seja uma boa opção para conhecer como é a vida no país, sei que não me sentiria muito bem. E as regras das casas oferecidas pelas escolas também não me deixavam muito satisfeita. Preferia ter um canto para mim, um lugar que me permitiria sentir que ali era a minha casa.

Então, fiz o orçamento com a Egali e, bingo! Encontrei um excelente custo-benefício. E o melhor: na cidade que sempre sonhei. Daí em diante, comecei a planejar tudo, sempre com a ajuda do atendimento da agência que, diga-se de passagem, hoje é um querido amigo!

Decidi ir no comecinho do ano, mais precisamente, no finalzinho. Comprei a passagem para embarcar no dia 31 de dezembro de 2010 (sim, passei o réveillon voando, em meio ao Atlântico e dormindo). Então, vieram as próximas decisões: casa e escola. A casa, optei pela Egali House. Já a escola, fiz uma pesquisa entre as opções e também escolhi pelo custo-benefício. Busquei uma escola que fosse credenciada ao British Council, sistema que garante a qualidade do ensino nas escolas do Reino Unido. Além disso, queria uma escola em que os professores fossem ingleses, apresentasse avaliações positivas feitas pelos alunos e tivesse localização privilegiada. Minha opção foi a Malvern House, a qual achei muito boa e consegui uma rápida evolução no idioma.

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Pronto, pagamento feito, foi a hora de separar os documentos para tirar o visto que, na época, era exigido para estudantes que fossem fazer um curso de 12 semanas ou mais. Como eu não ia trabalhar, o meu visto foi o de estudante visitante. No entanto, algumas regras mudaram recentemente – depois vou fazer um post com o passo a passo de como tirar o visto para estudar na Inglaterra.

Fui ao Rio de Janeiro, no consulado britânico, e, diferentemente do visto americano, que você tem a resposta na hora, o inglês não. Só sabemos quando recebemos o passaporte em casa. Foram poucos dias de espera, mas que pareceram durar meses… até que recebi o passaporte com minha solicitação aprovada e validade de seis meses (que, posteriormente, me levou a estender minha viagem para o período total permitido!). Daí em diante, foi organizar cada detalhe daquela que seria a melhor viagem da minha vida!

Dicas para a escolha certa do intercâmbio:

– defina seu objetivo (estudo do idioma, trabalho, high school, curso superior, etc.);

– escolha o destino que mais te fará realizado;

– pesquise sobre a cidade e o país que irá morar;

– visite várias agências de intercâmbio;

– converse com diversas pessoas que viajaram por aquela agência e com pessoas que foram para onde você irá;

– pense bem na melhor moradia, que te proporcionará tranquilidade e liberdade;

– busque uma escola credenciada pelo órgão que regulamenta o ensino no país;

– tente morar o mais próximo possível de pontos de ônibus, estação de metrô e, se possível, da escola;

– aproveite o intercâmbio e conheça o máximo de cidades e países possíveis;

– conheça a cultura local;

– faça amigos de vários países;

– faça amigos do seu país. Só eles conhecem a sua cultura;

– viva intensamente cada segundo, pois não há nada melhor!

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