Conheça Montreal, tão antiga quanto moderna

Deixando Quebec com o coração nas mãos, me aconcheguei confortavelmente no vagão de trem da Via Rail e, depois de quase três horas de viagem, com belíssimas paisagens decorando minha janela, cheguei a Montreal, a maior cidade da província de Quebec e a segunda maior cidade do Canadá. Nem bem cheguei e já me deslumbrei. Aliás, se deslumbrar no Canadá é coisa fácil!

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A estação fica no centro da cidade e, não coincidentemente, tem uma saída na mesma avenida do meu hotel, de modo que entre os dois locais já pude ir caminhando e contemplando a grande e movimentada Bouleverd René-Lévesque. Como de praxe, deixei as coisas no hotel e fui pra rua. Essa é a melhor parte de viajar na primeira hora do dia: poder aproveitar desde a chegada ao destino.

A bela basílica Marie Reine du Monde, na René Lévesque
A bela basílica Marie Reine du Monde, na René Lévesque

A avenida Boulevard René-Lévesque é linda, com grandes e modernos prédios espelhados. Pelas ruas, gente de todo tipo, numa grande mistura de estilos. E todos sempre muito educados. O que não é de se admirar por se tratar de um país onde os impostos são todos revertidos em benefícios para a população e a educação é obrigatória até os 16 anos.

Fui andando sentido rio Saint Laurent, onde eu sabia que estavam diversos pontos turísticos, incluindo a cidade antiga. No caminho, passei pela Basílica de Notre Dame de Montreal, lindíssima, por sinal, até parecida com a de Paris, com as duas torres altas nas laterais. Mas deixei para entrar nela mais à noite, quando teria o show de luzes e sinos “And Then There Was Light”.

Basílica Notre Dame de Montreal
Basílica Notre Dame de Montreal

Continuei minha caminhada até a beira do rio, e fui andando pela rua de La Commune, visitando os “Quais”, que são espécies de piers ou portos ao longo do rio. Passei pelo Quai King Edward, onde se encontram cinema e centro de ciências; depois pelo Quai Jacques-Cartier, onde fui completamente atraída pelo aroma vindo de um food truck que vendia cookies logo ali em frente, o Monsieur Félix & Mr. Norton Gourmet Desserts. Quem me conhece sabe da minha paixão por esses biscoitos. Não resisti e comprei logo o combo com seis sabores variados, incluindo de chocolate, castanhas, caramelo, chocolate amargo e outros tipos de chocolates! Sem explicação. Fiquei tão entretida com meus biscoitos que a gula acabou me desviando e, quando percebi, já estava no próximo Quai, o Quai de l’Horloge, o mais interessante deles.

O famoso e delicioso cookie!
O famoso e delicioso cookie!

Lá, passei por um parque lindo, onde crianças brincavam e remavam barquinhos pelo lago. Me assentei para deliciar mais um cookie e ficar admirando a vista e uns barcos enormes, lotados de gente, que ficavam dando peões pela água, com a música no último volume – passeio para os mais animados, que não se importariam de se molhar naquela manhã de vento frio, o que não era o meu caso!

Rio Saint Laurent e, ao fundo, a Torre do relógio
Rio Saint Laurent e, ao fundo, a Torre do relógio

Continuei minha caminhada até a Torre de l’Horloge, com um grade relógio no topo, a qual foi construída em 1921 como parte da área portuária da cidade. Ela fica localizada à beira do rio e pode ser visitada por quem se dispuser a subir os 192 degraus. Na subida, podemos ver o funcionamento do relógio e, lá no alto, um pequeno espaço cercado por grade nos permite uma linda vista dos piers com barcos e lanchas ancorados, além de avistarmos parte da cidade antiga, os grandes prédios de Montreal e a Ilha de Saint Hélène.

Montreal vista do alto da torre do relógio
Montreal vista do alto da torre do relógio

De lá, segui para a cidade antiga, caminhando pela charmosa rua Saint Paul. Não deixe de visitar o Marché Bonsecours, que reúne salas de exposições, restaurantes e lojas com artigos em pedras, vidro, couro, tricot, além de souvenirs. Mas calma! Os preços lá fora são melhores.

Marché Bonsecours
Marché Bonsecours

Continuei a caminhada pela rua e cheguei à parte onde somente é permitida a passagem de pedestres. Uma delícia! Uma infinidade de bares e restaurantes com mesas nas calçadas, lojas de roupas, artigos esportivos, souvenirs, hotéis, galerias de arte.

Rue Saint Paul, em Vieux Montreal
Rue Saint Paul, em Vieux Montreal

A praça Jacques Cartier cruza a rua Saint Paul. O local, sempre animado, é ponto de encontro de artistas de rua, jovens e turistas.

Praça Jacques Cartier
Praça Jacques Cartier

Ao fundo, pode-se avistar o belo prédio da prefeitura de Montreal, com sua bela arquitetura que chama atenção de quem visita o local. O prédio pode ser visitado com guias e vale a pena devido à beleza de seu interior.

O belo prédio da prefeitura de Montreal
O belo prédio da prefeitura de Montreal

Fiquei por ali, em Vieux Montreal, até mais tarde. Nesse meio tempo, me juntei a uns grupos de jovens e turistas que assistiam à apresentação de um cantor na praça Jacques Cartier, entoando músicas dos Beatles, Janis Jopplin, The Police, entre outros músicos que adoro! A essa altura, a fome já havia batido e optei por experimentar o típico poutine, porção de batatas fritas cobertas com queijo derretido e molho gravy, um espeço molho de carne. Uma delícia, mas as porções costumam ser bem grandes.

Pagando de gatona em Vieux Montreal
Pagando de gatona em Vieux Montreal

Mais tarde, voltei novamente pela Notre Dame de Montreal para assistir ao show “And Then There Was Light”, atração imperdível para quem visita a cidade. A visita à Notre Dame à noite vale a pena até mesmo para quem não quiser entrar para o show, pois, ela fica toda iluminada por fora!

Notre Dame iluminada
Notre Dame iluminada

No dia seguinte fiquei por conta de conhecer o centro de Montreal. Comecei visitando o Quartier Chinois, vulgo China Town de Montreal. E foi um dos mais organizados que já vi, no entanto, tem bem menos lojas e quinquilharias do que os demais por onde passei. Um pórtico, é claro, recebe os visitantes, que sempre acabam caminhando pela feirinha de rua com produtos baratíssimos.

Pórtico no Quartier Chinois
Pórtico no Quartier Chinois

Continuei até a Rua Saint Catherine, uma das principais de Montreal, importante centro comercial para a cidade, com lojas das mais diversas, restaurantes variados, shoppings, teatros. Nela também havia uma área onde somente pedestres podiam passar. Isso é feito durante o verão, quando os canadenses preferem ficar nas ruas aproveitando o sol, enquanto que, na maior parte do ano, é o frio que predomina no leste canadense.

Rua Saint Catherine
Rua Saint Catherine

Foi pela rua Saint Catherine que entrei no Complexe Des Jardins, mal integrado à cidade subterrânea. Apesar de ter maior movimento durante o inverno, ela está sempre movimentada, com pessoas indo e vindo, chegando e saindo do trabalho, fazendo compras ou simplesmente passeando. A cidade subterrânea de Montreal constitui o maior sistema de vias subterrâneas para pedestres do mundo, com mais de 30 km de extensão. A gente chega a se perder, pois entramos por uma rua, atravessamos de um lado para o outro e quando procuramos uma saída, saímos em outra rua, já distante daquela pela qual entramos. Isso é, no mínimo, divertido! Procurei a saída que pelo Museu de Arte Contemporânea de Montreal, o qual já aproveitei para visitar.

Cidade subterrânea
Cidade subterrânea

Saindo novamente pela rua Saint Catherine, continuei subindo e visitando as lojas, incluindo a La Baie, uma enorme loja de departamento canadense, bem no estilo estilo da americana Macy’s ou da inglesa Harrods. Em seguida, voltei pelo outro lado da rua até chegar a Rue Saint Denis, repleta de barzinhos com as fachadas coloridas, música alta, mesas nas calçadas e muita gente conversando por todo lado. Parei para tomar um belo de um café e repor as energias para perambular pelo Quartier Latin, a região cult de Montreal, onde se concentram estudantes, teatros, livrarias, bibliotecas e brechós.

Lindas construções no Quartier Latin
Lindas construções no Quartier Latin

O terceiro dia em Montreal reservei para visitar um lugar maravilhoso que eu havia visto em um cartão postal em uma loja de souvenir na cidade velha! O L’Oratoire de Saint Joseph du Mont Royal, uma bela basílica católica localizada no ponto mais alto da cidade.

L’Oratoire de Saint Joseph du Mont Royal
L’Oratoire de Saint Joseph du Mont Royal

Para chegar até lá, peguei o metrô e desci na estação Côte des Neiges. O local é simplesmente maravilhoso e, ao entrar na basílica, uma grande sensação de paz tomou conta de mim. A inauguração da basílica foi em 1924. Lá está o coração do Irmão André, que construiu a basílica em homenagem a José de Nazaré, a quem ele credita todos os milagres alcançados em sua vida.

O imponente L’Oratoire de Saint Joseph
O imponente L’Oratoire de Saint Joseph

Fiquei lá por um tempo ,e depois, novamente de metrô, fui até o Estádio Olímpico de Montreal, próxima da estação Viau. Lá foram realizadas as Olimpíadas de 1976.

Estádio Olímpico de Montreal
Estádio Olímpico de Montreal

O belo estádio conta com uma grande torre, onde os visitantes podem subir no elevador inclinado e ter uma linda vista da cidade. Logo ali perto, do outro lado da rua, está o Jardim Botânico de Montreal, o qual não visitei, mas creio que valha a pena!

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Voltei para o centro e caminhei por diversas ruas até chegar à base do Mont Royal, onde fiz uma caminhada respirando ar puro, até retornar às redondezas do meu hotel. Por fim, fui até a rua próxima de onde estava hospedada, a rue Crescent, que é repleta de bares e restaurantes, procurei meu lugar ao sol e, claro, tomei uma bela cerveja canadense para me despedir daquela deliciosa viagem e me preparar para o próximo destino: a capital canadense, Ottawa!

Rue Crescent
Rue Crescent

Ahhh, e já ia me esquecendo: em Montreal é como em Quebec. O francês é predominante na grande maioria dos locais, mas, nas partes turísticas, o inglês é bastante falado, apesar de um sotaque carregado por grande parte dos nativos. Sendo assim: au revoir, Montreal!

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